Agência Panafricana de Notícias

ONU denuncia campanha de ódio da rádiotelevisão estatal

Abidjan, Côte d'Ivoire (PANA) – O chefe do Departamento das Operações de Manutenção da Paz da ONU, Alain Le Roy, denunciou em Abidjan uma campanha de incitação ao ódio da Rádiotelevisão Ivoiriense (RTI).

« As declarações que ouvimos nas cadeias públicas ivoirienses são uma fabricação, uma propaganda anti-ONUCI e é assim que lemos de maneira muito clara os incidentes que ocorreram em Yopougon », declarou Le Roy durante uma conferência de imprensa, quarta-feira, no termo duma visita de três dias à Côte d'Ivoire.

Um cortejo da Operação das Nações Unidas na Côte d'Ivoire (ONUCI) foi atacado terça-feira na comuna de Yopougon por jovens que incendiaram um veículo.

Quarta-feira, uma cena similar ocorreu na comuna de Abobo, onde os elementos da ONUCI tiveram de se defender, fazendo dois feridos.

« Estamos aqui para a paz e a segurança na Côte d'Ivoire em benefício do povo ivoiriense », lembrou Le Roy, indicando ter recebido do chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa e Segurança, o general Philippe Mangou, garantias de que já não haverá obstáculos à liberdade de movimento da ONUCI por parte dos militares.

Ele advertiu que a ONUCI vai cumprir com o seu mandato de maneira robusta em conformidade com a Resolução 1962 do Conselho de Segurança.

Evocando a proteção dos civis, ponto essencial do mandato da ONUCI, Le Roy anunciou o aumento do número de patrulhas de dia e de noite, o reforço dos meios de alerta e o desenvolvimento dos contactos com a população local.

A hostilidade contra os capacetes azuis surgiu depois de o representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas, Young-Jin Choi, certificar os resultados da Comissão Independente Eleitoral (CEI) que dão Alassane Ouattara vencedor das eleições presidenciais com mais de 54 por cento dos sufrágios, contra 45 porcento para o Presidente cessante, Laurent Gbagbo.

Os apoiantes de Laurent Gbagbo recusaram a vitória de Alassane Ouattara, baseando-se nos resultados proclamados pelo Conselho Constitucional que declara o Presidente cessante vencedor com mais de 51 porcento dos votos.

Alegando que a ONU ultrapassou as suas prerrogativas, Laurent Gbagbo exigiu a partida dos capacetes azuis, mas as Nações Unidas decidiram manter-se no país.

Uma crise profunda nasceu deste braço-de-ferro em redor da pasta presidencial, depois de Laurent Gbagbo e Alassane Ouattara formarem dois Governos paralelos, e as populações receiam a retomada da guerra.

Confrontos entre militantes de Alassane Ouattara e as forças de segurança leais a Laurent Gbagbo fizeram cerca de 200 mortos, segundo a ONU.

-0- PANA GB/JSG/MAR/TON 30Dez2010