ONU condena raide aéreo mortífero em Omdurman, no oeste do Sudão
Nova Iorque, Estados Unidos (PANA) - O Secretário-Geral (SG) da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou domingo um raide aéreo ocorrido sábado último em Omdurman, no oeste do Sudão, que matou 22 pessoas, soube a PANA de fonte oficial.
Num comunicado lido por Farhan Haq, porta-voz adjunto do SG da ONU, este último apresentou as suas condolências às famílias das vítimas, desejando rápidas melhoras a dezenas de pessoas feridas.
Guterres declarou-se "consternado" pelas informações segundo as quais houve atos de vioplência e vítimas em grande escala em Darfur, conturbada região ocidental do Sudão, segundo a mesma nota.
"Também (ele) está preocupado com informações segundo as quais combates retomaram nos Estados de Kordofan Norte e Sul (sul), do Nilo Azul (norte). O desrespeito total do direito humanitário e dos direitos humanos é perigoso e inquietante", alerta o comunicado.
Acrescentou que o SG da ONU continua "profundamente preocupado" pelo facto de a guerra em curso ter levado o Sudão à beira de uma guerra civil de grande envergadura, suscetível de desestabilizar toda a região."
Guterres reitera o seu apelo às Forças Armadas Sudanesas (SAF, sigla em inglês) e às Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês) para que cessem os combates e se comprometam a cessar de maneira duradoura as hostilidades.
Exorta igualmente as partes em conflito a respeitarem as obrigações que lhes incumbem em virtude do direito internacional humanitário e dos direitos humanos, nomeadamente proteger os civis e permitir a ação humanitária, lê-se no documento.
Guterres declarou que as Nações Unidas continuam a promover a coesão dos esforços internacionais sob os auspícios da arquitetura de coordenação da União Africana.
Congratulou-se ainda com o "compromisso forte" do grupo subregional da África Oriental, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), relativamente à crise sudanesa.
Os combates entre as SAF e as RSF eclodiram a 15 de abril último, devido a uma luta pelo poder entre o chefe da primeira parte, o tenente-general Abdul Fatah Burhan, e o da segunda, o tenente-general Mohamed Hamdan Dagalo.
O balanço é de centenas de vítimas, milhares de pessoas deslocadas, infraestruturas destruídas, de que resultou uma enorme crise humanitária que levou mais de 1.000.000 pessoas a fugirem para os países vizinhos do Sudão.
Vários acordos de cessar-fogo assinados desde então foram desrespeitados pelos beligerantes sudaneses.
Facilitadores internacionais acusaram as duas partes de terem violado estes acordos de cessar-fogo.
As Nações Unidas sublinharam que, no interior do Sudão, cerca da metade da população, ou seja 24.700.000 pessoas, das quais mais da metade são crianças, precisam de ajuda humanitária e de proteção.
Perto de 1.700.000 pessoas foram desenraizadas do interior do Sudão, ao passo que 500.000 outras refugiaram-se nos países vizinhos.
Relatórios apontam para "matanças étnicas" no oeste de Darfur.
-0- PANA MA/RA/BAI/JSG/DD 10julho2023