ONU chocada face a atos de violação dos direitos humanos no centro do Sudão
Port-Soudan, Sudão (PANA) - A coordenadora residente e humanitária das Nações Unidas no Sudão, Clementine Nkweta-Salami, declarou-se chocada e profundamente consternada por actos de violaão dos direitos humanos similares aos observados em Gazira (centro do Sudão) no ano transato, soube a PANA de fonte oficial.
Citada num comunicado de imprensa sobre estas violações, Nkweta Salami referiu-se violações sexuais, ataques direcionados, massacres que se repetem no Estado de Gazira.
Trata-se de “crimes atrozes”, e mulheres, crianças e pessoas mais vulneráveis sofre na sua pele as consequências de um conflito que já fez demasiadas vítimas.
Segundo as Nações Unidas, ataques, assassinatos, violações e humilhações perpetradas pelas Forças de Apoio Rápido (FSR, paramilitares rebeldes) contra civis no centro do Sudão são crimes atrozes recometidos em 2023 em Jazira.
Nkweta-Salami alarmou-se com informações sobre uma escalada da violência armada no leste de Gazira, que ceifou a vida de numerosos civis.
Por outro lado, o comunicado revelou que, três dias mais tarde, os órgãos de comunicação social e a Itenet ficaram inundados de vídesos, gravações áudio, fotos e textos a mostrarem castigos em massa no centro do Sudão, cometidos pelas Forças de Segurança Sudanesas.
O documento faz igualmente menção a relatórios preliminares de 20 e 25 de outubro corrente e segundo os quais as FSR lançaram um ataque grande no leste de Gazira.
Combatentes das FSR terão aberto fogo sem discriminação contra civis, e violentado sexualmente mulheres e meninas, saqueado de maneira geral mercados e residências, e incendiado fazendas.
Habitantes de várias aldeias, das quais Safita Ghanoubab, Al-Hilaliya e Al-Aziba, terão sido vítimas de agressões físicas, de humilhações e ameaças, o que levou numerosos civis a fugirem das suas casas a fim de abrigarem.
Aqueles que ficam são sumetidos a graves ameaças, segundo o mesmo documento.
Relatórios emanantes de várias fontes, testemunhas oculares e cerimónias de enterro coletivo indicam que, entre 150 e 200 pessoas foram mortas, segundo a declaração das Nações Unidas que, no entanto, chama atenção sobre os dados.
“O balanço das vítimas civis destes ataques ainda não foi estabelecido”, lê-se no comunicado.
Porém, milhares de famílias fugiram dos seus lares a fim de se refugiarem em várias regiões do Estado, enquanto outros foram deslocados para os Estados de Gadarif e Kassala, no leste do Sudão.
“Parceiros humanitários recolhem cada vez mais informações sobre a situação, mobilizando-se ao mesmo tempo para ajudar centenas de pessoas deslocadas pela escalada das hostilidades”, indicou o comunicado.
Ataques contra civis, bens de carácter civil e infraestruturas públicas estão proibidos pelo direito internacional humanitário, segundo as Nações Unidas.
A instituição internacional achou-os “inaceitáveis”, frisando que isto deve cessar imediatamente. Os civis devem ser protegidos onde quer que eles se encontrem."
-0- PANA MO/RA/MTA/IS/SOC/DD 27out2024