Agência Panafricana de Notícias

ONG pedem julgamento de ex-Presidente tchadiano

Sirtes- Líbia (PANA) -- Oito Organizações não Governamentais africanas e internacionais de defesa dos direitos humanos pediram sábado em Sirtes, na Líbia, à União Africana (UA) para trabalhar com vista ao julgamento do ex-Presidente tchadiano, Hissène Habré, acusado de violências e de violações das liberdades humanas.
Num comunicado de imprensa, as organizações pedem aos chefes de Estado africanos, que se reunirão a partir de 1 de Julho em Sirtes, para fazer com que o julgamento de Hissène Habré, refugiado no Senegal, inicie o mais cedo possível.
Elas lembram que durante a Cimeira da UA em Julho de 2006, o Senegal tinha sido encarregue de iniciar os procedimentos e organizar o julgamento de Hissène Habré.
As ONG pediram igualmente à Comissão da UA "para dar ao Senegal a assistência necessária para a realização efectiva deste julgamento".
"A União Africana prometeu-nos, há três anos, que Hissène Habré vai comparecer em Tribunal, mas nos últimos três anos vi mais sobreviventes como eu morrer em vez de assistir ao julgamento", declarou o presidente da Associação das Vítimas Tchadianas, Clément Abaifouta.
"Se o Senegal e a UA não agirem rapidamente, já não haverá vítimas durante o seu julgamento", acrescentou.
Ex-recluso do regime de Hissène Habré, Clément Abaifouta afirmou ter sido obrigado a cavar sepulturas para mais de 500 dos seus co- detidos.
Entre os signatários do comunicado figuram a Associação Tchadiana para a Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (ATPDH), a Associação Tchadiana das Vítimas da Repressão e Crimes Políticos (AVCRP), a Liga Tchadiana dos Direitos Humanos, o Encontro Africano para a Defesa dos Direitos Humanos (RADDHO, Senegal), a Organização Nacional dos Direitos Humanos (ONDH, Senegal), a Human Rights Watch (HRW), a Federação Internacional dos Direitos Humanos (FIDH) e Agir Juntos para os Direitos Humanos.
"A credibilidade da UA está comprometida", declarou um responsável da ONDH, Assane Dioma Ndiaye, sublinhando que o Senegal e a UA estão a estagnar no processo, ao passo que eles devem mostrar como África é capaz de lutar contra a impunidade.