OMS saúda resultados preliminares de primeiro tratamento para pacidentes da covid-19
Genebra, Suíça (PANA) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) congratulou-se, quarta-feira, com o anúncio, pelo Reino Unido, das conclusões de cientistas britânicos relativas ao esteróide dexametasona, que pode reduzir a mortalidade a um terço dos pacientes afetados por doenças graves, mas não pode ser utilizado como tratamento preventivo.
Segundo um comunicado da ONU, os primeiros resultados dos ensaios clínicos mostram que, para os doentes afetados pela covid-19 e que precisam de ajuda para respirar, a dexametasona, um corticosteróide disponível no Mundo inteiro, pode salvar a vida dos pacientes graves.
Para os pacientes sob respiradores, foi demonstrado que o tratamento reduz a mortalidade em quase um terço, enquanto, para os pacientes que precisam apenas do oxigénio, a mortalidade foi reduzida a quase um quinto, segundo os resultados preliminares, relataram os peritos.
"É uma boa notícia para os pacientes afetados por doenças graves", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus em visioconferência a partir de Genebra.
Mas ele sublinhou que a dexametasona não tem um efeito benéfico para as pessoas afetadas por doenças benignas, as que não precisam de assistência respiratória.
"Estes medicamentos devem ser utilizados apenas sob estreito controlo médico”, advertiu Tedros, enquanto, segundo a OMS, o Mundo registou terça-feira 434 mil 796 mortes em mais de sete milhões 940 mil casos confirmados.
Segundo o diretor da OMS para as Emergências, Michael Ryan, a organização deve examinar os dados finais, pois a dexametasona é um anti-inflamatório muito poderoso.
"Isso permite aos pacientes continuar a receber o oxigénio do sangue dos pulmões, reduzindo muito rapidamente a inflamação num momento crítico da doença. Não se trata dum tratamento contra o vírus em si, nem duma prevenção contra o vírus”, precisou.
Ryan também alertou que a tomada de anti-inflamatórios como medida preventiva contra o coronavírus poderá mesmo ajudar o vírus a dividir-se e a replicar-se no organismo.
"Este medicamento está reservado unicamente aos pacientes críticos que estão sob assistência respiratória”, lembrou o perito.
Segundo o comunicado, através do seu fórum mundial sobre a pesquisa e inovação, várias centenas de pesquisadores do Mundo inteiro fazem a corrida para encontrar diagnósticos, terapias e vacinas de qualidade contra o coronavírus.
Uma das suas prioridades é buscar conhecer a potencialidade dos medicamentos existentes como a dexametasona e o remdesivir, um medicamento desenvolvido contra o vírus de Ébola que reduz a duração dos sintomas do coronavírus de 15 para 11 dias.
Enquanto a covid-19 se declarou no Mundo inteiro, Tedros insistiu na necessidade de continuar o foco nas preocupações em matéria de saúde pública tais como o paludismo, a tuberculose e o HIV/Sida.
Neste sentido, ele anunciou que a OMS e os seus parceiros elaboraram um novo roteiro para uma abordagem integrada de doenças tropicais negligenciadas- uma categoria de 20 doenças como a elefantíase, a doença do sono, a lepra, o tracoma e os vermes intestinais.
"Estas doenças desfiguram, tornam enfermo e podem matar. Elas afetam duramente nos meios onde prevalece a pobreza e nas zonas isoladas onde o acesso a serviços de saúde de qualidade está extremamente limitado”, disse o responsável sanitário.
Tedros notou a velocidade com que a covid-19 está a espalhar-se pelo Mundo, de 85 mil casos nos dois primeiros meses da pandemia para seis milhões desde meados de abril último.
"Este vírus é muito perigoso. Ele desloca-se rapidamente e é um matador”, disse o diretor-geral da OMS, que acrescentou que “é agindo com rapidez que nós poderemos vencê-lo, o que requer a unidade e a solidariedade”.
Ryan disse que a epidemia no Brasil, o país mais afetada na América Latina com 867 mil 624 casos e 43 mil 332 mortes recenseadas terça-feira,está a estabilizar-se.
A responsável técnica da Célula de Gestão da Pandemia da Covid-19, Maria Van Kerkhove, declarou que os Governos devem apoiar-se em dados sólidos para decidir como, quando e onde abrandar as restrições sobre as viagens das pessoas e as concentrações públicas e estar prontos para as reinstaurar de forma temporária.
-0- PANA MA/NFB/JSG/FK/IZ 18junho2020