Agência Panafricana de Notícias

OMS acusada de racionalizar vacinas contra Ébola na RDC

Bruxelas, Bélgica (PANA)   - A diretora das Operações da Médicos Sem Fronteiras (MSF)  acusou a Organização Mundial da Saúde (OMS) de racionalizar as doses de vacinas destinadas à República Democrática do Congo (RDC), para combater a epidemia do vírus de Ébola, que já matou mais de duas mil e 500 pessoas no Kivu-Norte.

Numa declaração  à imprensa, Isabelle Defourny acusou a OMS, enquanto gestora de stocks de vacinas, de faltar à transparência nesta função.

Ao fazer passar a epidemia do vírus de Ébola para o nível de emergência sanitária mundial, a OMS desapossou a RDC de iniciativas na estratégia de luta contra o vírus de Ébola, o que teve como consequência a demissão do então ministro congolês da Saúde, Oly Ilunga.

Este último acabou preso, acusado de desvio dos fundos da riposta ao vírus de Ébola, fixados em quatro milhões de dólares americanos.

Segundo a OMS, a organização não pode colocar todas as vacinas à disposição da RDC, pois stocks de emergência devem ser postos em reserva para serem enviados para outros países aonde a epidemia mortal poderá alargar-se.

 Segundo a OMS, a vacina atualmente disponível é rVSV-ZEBOV, administrada na África Ocidental durante a epidemia do vírus de Ébola, registada em 2014-2015, na Serra Leoa, na Libéria e na Guiné-Conakry, e que matou 11 mil pessoas.

A OMS explica que a vacina fabricada pelo laboratório belga Janssen Pharmaceutica continua em avaliação e ainda não foi  testada em condições reais de epidemia.

Do seu lado, o laboratório Merck, que fabricou a vacina rVSV-ZEBOV, disse ter colocado à disposição da OMS mais de 245 mil doses desta vacina, enquanto 190 mil outras doses estão a ponto de ser enviadas. 

Além disso, o laboratório Merck prevê disponibilizar para a RDC,  nos próximos seis e 18 meses, pelo menos 650 mil doses de vacinas contra o vírus de Ébola.

A OMS explicou que a lentidão registada na distribuição da vacina é devida à ignorância das comunidades locais, à sua desconfiança bem como à grande insegurança prevalecente na província afetada.

Um relatório da OMS indica que, na semana passada, 18 casas que acolhem o pessoal médico foram incendiadas, numa aldeia, na sequência da morte de um enfermeiro que tratava os doentes.

O Governo congolês deu recentemente o seu acordo para o lançamento no terreno da vacina elaborada pelo laboratório belga Janssen Pharmaceutica.

-0- PANA AK/TBM/FK/IZ 2out2019