Agência Panafricana de Notícias

Numerosos mortos e feridos em confrontos sangrentos na Tunísia

Túnis, Tunísia (PANA) – O movimento de protesto social contra o desemprego e a precariedade das condições de vida, iniciado a 17 de dezembro último em Sidi Bouzid, no centro-oeste da Tunísia, propagou-se em várias regiões do país, fazendo vários mortos e feridos.

As manifestações agravaram-se no fim-de-semana quando a Polícia disparou contra manifestantes em três cidades do centro-oeste (Thala, Kasserine e Regueb), fazendo oito mortos e numerosos feridos, incluindo vários em estado crítico, segundo um balanço oficial do Ministério do Interior.

Fontes sindicais revelaram 11 mortos, enquanto o Partido Democrático Progressita (PDP) estimou as vítimas em pelo menos 20 mortos.

O comunicado do Ministério do Interior menciona feridos do lado das forças da ordem dos quais « três num estado grave ».

Unidades do Exército foram desdobradas em redor dos edifícios públicos e dos bancos, enquanto os confrontos continuavam incessantemente domingo.

As autoridades invocam « a legítima defesa » para justificar a utilização das armas pelas forças da ordem depois de «  grupos de indivíduos »  atacarem com explosivos e pedras edifícios da administração pública, gabinetes do partido no poder e outras instalações económicas.

Face a esta situação, o fundador do Partido Democrático Progressita (PDP), uma formação da oposição legal na Tunísia, Néjib Chebbi, apelou domingo ao Presidente Zine El Abidin Ben Ali a «exigir um cessar-fogo imediato » para « poupar a vida de cidadãos inocentes e respeitar o seu direito à manifestação paficicamente ».

Segundo ele, pelo menos 20 pessoas foram mortas a tiro pela Polícia, um balanço estabelecido a partir de informações fornecidas pelos responsáveis do seu partido nestas regiões.

Os confrontos foram desencadeados a 17 de dezembro último pela tentativa de suicídio dum jovem vendedor ambulante em Sidi Bouzid. Mohamed Bouazizi, de 26 anos de idade, e único amparo da sua família, imolou-se com fogo após a apreensão da sua mercadoria (frutas e legumes) por agentes municipais, um dos quais o esbofeteou e insultou.

Impedido de se encontrar com responsáveis locais, ele empreendeu o seu gesto fatal que excitou a população da sua região e engendrou um movimento de protesto social em quase todas as partes do país.

Gravemente queimado, Bouazizi sucumbiu aos seus ferimentos duas semanas depois e seguindo o seu exemplo vários jovens atentaram depois às suas vidas pela imolação ou pela eletrocussão ao escalar postes elétricos de alta tensão.

Antes das violências de sábado já tinham sido registados cinco mortos, três por suicídio e dois a tiro.

-0- PANA BB/TBM/IBA/MAR/TON 10Jan2011