Agência Panafricana de Notícias

Novo líder da oposição diz-se pronto para governar Cabo Verde em 2016

Praia, Cabo Verde (PANA) - O novo líder do Movimento para a Democracia (MpD), principal partido da oposição em Cabo Verde, disse domingo estar pronto para ser alternativa de governação do país nas próximas eleições legislativas que terão lugar no arquipélago em 2016, apurou a PANA na cidade da Praia de fonte partidária.

No discurso de encerramento da 10ª Convenção Nacional do MpD, que decorreu de sexta-feira a domingo na capital cabo-verdiana, Ulisses Coreia e Silva considerou que “o país está muito mal” e que o momento é de emergência nacional.

O novo líder do maior partido da oposição responsabilizou o Governo do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) pelo desemprego, pela elevada dívida pública e pela crise no setor privado, afiançando que Cabo Verde “precisa de mudanças profundas, de reformas e de políticas que produzam resultados profundos e duradouros no emprego e no crescimento económico".

Correia e Silva acusou também o Governo liderado pelo primeiro-ministro José Maria Neves por não ter feito nada para preparar o arquipélago para enfrentar os desafios colocados pela sua graduação a país de rendimento médio, uma vez que já se sabia que, após cinco anos de transição, a redução da ajuda e o acesso a empréstimos concessionais eram certos.

“O Governo não adotou nenhum programa de reformas para fazer face à perda das fontes de financiamento”, acusou.

O presidente do MpD, eleito a 16 de junho passado e cuja vitória foi ratificada pelos cerca de 300 delegados à Convenção, acusou o Governo de "esconder os números reais" da economia, desafiando-o a divulgá-los.

"O MpD pede ao senhor primeiro-ministro que indique e explicite que medidas está a adotar ou pensa adotar para fazer crescer a economia e reduzir o desemprego. É isto que conta. O resto é animação política para tentar manipular a opinião pública. É preciso mudar de atitude. Este governo não fala a verdade", acusou.

Correia e Silva lembrou os dados oficiais que indicam que a dívida pública em relação ao PIB está nos 95 porcento, percentagem que "será de 110 a 115 porcento se se contar com a dívida contingente das empresas públicas", e os 31 porcento de jovens no desemprego.

"Os estrangulamentos à economia em setores estratégicos para a competitividade do país, como energia, água, transportes e operações portuárias, resultam de empresas (públicas) falidas e ineficientes, cujo patrão é o Estado", afirmou.

"Poderíamos ter uma democracia consolidada, melhor administração pública, melhores embaixadas e consulados, melhor justiça, segurança e regulação se o ambiente político fosse diferente e mais favorável à qualificação das instituições. Basta vontade política", acrescentou, manifestando "disponibilidade" para chegar a consensos.

No seu entender, Cabo Verde necessita de "respostas transformadoras e duradouras", através de reformas estruturais nas instituições públicas, economia e de novas atitudes, que tornem o país "menos vulnerável a choques externos e permitam gerar desenvolvimento".

"Se formos Governo em 2016, trabalharemos para colocar Cabo Verde na lista dos 10 pequenos países insulares melhor classificados no Índice de Desenvolvimento Humano. Isto significa prioridade ao emprego, à redução da pobreza e à erradicação da pobreza extrema", prometeu.

Ulisses Correia e Silva, atual presidente da câmara da Cidade da Praia, onde nasceu há 51 anos, sucedeu na sexta-feira a Carlos Veiga no MpD e, na liderança, conta com quatro vice-presidentes ( Fernando Elísio Freire, Janine Lélis, Olavo Correia e Luís Filipe Tavares).

A Comissão Política conta com 15 membros, quatro deles mulheres, e a Direção Nacional com 45, oito delas mulheres. O Conselho Consultivo, de 14 membros, integra três ex-líderes do partido (Carlos Veiga, Gualberto do Rosário e Agostinho Lopes).

-0- PANA CS/IZ 15jullho2013