Agência Panafricana de Notícias

Novo governo ganense diz herdar economia esfarrapada

Accra- Gana (PANA) -- O novo governo do Gana afirma ter herdado uma economia esfarrapada e dum executivo "falhado", indica um comunicado publicado sexta-feira à noite pelo Sub-Comité Económico do Governo de Transição.
O governo cessante esbanjou fundos e ultrapassou os limites de défice orçamental de 697 por cento no ano transacto, segundo a nota assinada por Hanna Tetteh, porta-voz da actual equipa de transição.
O ex-governo previa um défice de 168 milhões 100 mil cedis (cerca de 130 milhões de dólares americanos), mas o défice real do Gana é actualmente de um bilião 340 milkões de cedis (mais de um bilião de dólares americanos), lê-se no comunicado.
"Esta situação traduz-se por uma relação défice/PIB de 13,42 por cento, ou seja o mais elevado desde há 10 anos.
Isto hipoteca ainda as finanças do governo em 2009, nomeadamente a sua capacidade de garantir projectos de desenvolvimento essenciais e serviços sociais", de acordo com a fonte.
O texto sublinha que esta situação financeira difícil significa que será muito difícil aplicar-se o aumento dos salários anunciado pelo governo cessante do Presidente John Agyekum Kufuor na véspera da sua partida.
"Isto é um desafio difícil para a economia", declarou o porta-voz citado na nota.
Quanto à frente externa, o défice orçamental aumentou pois as importações continuam a ultrapassar as exportações.
As importações de mercadorias estimam-se em oito biliões 630 milhões de dólares americanos, ao passo que as exportações se cifram em quatro biliões 970 milhões de dólares americanos, lê-se no comunicado.
O novo governo atribui esta situação a "despesas imprudentes feitas durante um ano eleitoral.
No final dos nove primeiros meses de 2008, vários ministérios tinham ultrapassado as suas alocações orçamentais anuais destinadas aos salários e aos prémios na ordem de 76,0 por cento a 270,0 por cento.
A subida rápida das cotações do petróleo no mercado mundial incrementou a factura da importação dos produtos petroleiros, particularmente para o produtor nacional de energia, a Volta River Authority (VRA), implicando de repente despesas não previstas pelo governo no sector da energia, segundo a nota.
A incapacidade do então governo de resolver totalmente a crise energética de 2006 a 2007 só agravou a situação.
Mas as falhas no processo de distribuição para a construção de estádio e a organização do Campeonato Africano das Nações (CAN) 2008 desembocaram nos excedentes orçamentais, de acordo com o novo governo ganense.
Referindo-se às fraquezas do sector da economia, o comunicado menciona uma baixa de 2,3 por cento dos investimentos no sector fabril e um recuo de 15,0 por cento nos sectores da electricidade e da água.
"O essencial da estabilidade macroeconómica tão elogiada pelo governo cessante deve-se a uma subida dos fundos oferecidos pelos doadores que nos deram dólares para apoiar o cedi (moeda nacional) mas não foi fruto de um crescimento vigoroso da economia e de exportações", lê-se na nota.
A fonte indica que esta situação económica se traduz por uma dupla crise, por um défice orçamental crescente e por uma agravação do défice comercial a que o novo governo deve fazer face num contexto de expectativas crescentes do público.