Novo Governo tunisino espera grandes desafios, dizem especialistas
Túnis, Tunísia (PANA) - O próximo Governo tunisino, cuja formação está atualmente em negociação, enfrentará desafios escaldantes em questões económicas e sociais, particularmente as ligadas às expetativas dos jovens que querem escapar da "armadilha" do desemprego, afirmou o economista Ezeddine Saidane.
O primeiro desafio diz respeito à execução do orçamento para 2020, cuja adoção, segundo o perito, não é equilibrada, o que indica que quase metade do orçamento será consagrada ao pagamento de salários dos funcionários públicos (mais de 19 biliões de dinares tunisinos num total de 47 biliões).
Entre os principais desafios a serem enfrentados pelo próximo Governo está o empréstimo planeado para financiar o orçamento de 12 biliões de dinares contra 10,3 biliões para o ano de 2019, um aumento de 16 por cento.
O especialista alertou o próximo Governo contra o crescimento da taxa da dívida pública para 89 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em 2020, enquanto a dívida externa ultrapassará 100 por cento do PIB, o que aumentará a escala das dificuldades.
O controlo da inflação financeira e do défice comercial bem como da despesa pública estão entre os desafios que se colocam ao próximo Governo tunisino, cuja formação exige negociações estreitas entre o primeiro partido no Parlamento (Ennahda) e outros partidos políticos.
Por sua vez, o docente universitário Abdelrahman Lahika sublinhou a necessidade de o próximo Governo levar a cabo reformas sérias, lamentando a letargia demonstrada pelas antigas equipas governamentais nesta matéria.
Os Tunisinos também estão a enfrentar a deterioração dos serviços públicos, particularmente nos setores da saúde, da educação e dos transportes, sem mencionar a situação de regiões marginalizadas e carentes com a infraestrutura precária e cujas populações viram o seu poder de compra enfraquecido pelo aumento dos preços dos bens de primeira necessidade.
Outro desafio para o próximo Governo é a ameaça do terrorismo e do crime organizado, porque sem segurança não pode haver estabilidade interna necessária para o retorno do investimento nacional e estrangeiro.
As negociações com o Fundo Monetário Internacional para renovar o acordo com esta instituição financeira internacional, que expira no próximo mês de abril, estão também entre os desafios do Governo no combate à corrupção nas estruturas públicas e privadas.
Todos os sucessivos Governos desde a revolta popular de 2011 não conseguiram conter este flagelo.
-0- PANA YY/IN/BEH/CJB/IZ 24out2019