Agência Panafricana de Notícias

Nigerinos desenvolvem estratégias de adaptação ao clima

Niamey- Níger (PANA) -- Para fazer face aos efeitos desastrosos das mudanças climáticas nas condições de vida das populações nigerinas das quais mais de 90 por cento são do meio rural, os camponeses aprenderam a desenvolver várias iniciativas em termos de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas, confiou à PANA o pesquisador Saidou Magagi.
Explicando-se sobre as consequências das mudanças climáticas num país como o Níger, Saidou Magagi afirmou que estas se traduzem sobretudo por uma baixa drástica dos rendimentos graças à rarefacção das chuvas, um empobrecimento contínuo dos solos devido à forte pressão demográfica e uma subida marcada das temperaturas.
"Depois dum estudo que levamos a cabo nas regiões de Maradi e de Tahoua (leste), notamos que as populações campesinas adaptaram-se muito.
Constata-se que, para fazer face à queda dos rendimentos por causa da pobreza dos solos, utilizam estrume orgânico, devido aos seus fracos rendimentos e à carestia dos adubos químicos, precisou.
Eles praticam igualmente a técnica da cultura melhorada que consiste, não só em desbravar os campos mas também fazer canteiros de maneira a melhorar a fertilidade dos campos, prosseguiu este perito do Instituto de Pesquisa Agronómica do Níger (INRAN).
Outra estratégia camponesa que tem em conta a porbeza dos solos e a forte pressão demográfica nestas regiões é que os agricultores, em vez de se limitar a uma só especulação, cultivam três ou quatro, indicou Magagi.
"É uma técnica de cultura em associação que consiste em fazer brotar diversas variedades sobre uma só e a mesma superfície (sorgo, feijão, amendoim por exemplo).
Isto permite melhorar a fertilidade dos solos, mas igualmente poder contar com pelo menos uma espécie no caso de más colheitas", indicou.
Para fazer face à desflorestação, os agricultores fazem esforços para tornar possível a conservação natural pela utilização de técnicas endógenas como o desbravamento melhorado e a reflorestação.
No plano da insegurança alimentar, as populações desenvolveram técnicas de conservação do feijão e dos cereiais, criando bancos cerealíferos que seguem a sua forma tradicional.
"Se recuarmos um pouco tempo, nomeadamente nos anos 1970, as nossas populações instauraram um sistema de celeiros de grande capacidade que lhes permitia armazenar víveres e poder utilizá-los mais tarde para fazer face aos anos difíceis", sublinhou.
Eles desenvolveram igualmente o sistema de armazenamentos familiares e de celeiros individuais.
Assim, cada membro da família dispõe dum stock que pode utilizar na estação da seca, enquanto os celeiros familiares servem de reservatório na estação das culturas que corresponde ao período de transição, para assegurar a subsistência de toda a família e evitar assim os fenómenos ligados ao êxodo rural.
O Níger é um país com vocação agropastoral que figura na última posição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O país regista um crescimento demográfico estimado em 3,3 porcento, um dos mais elevados no mundo e conta mais de 63 porcento da sua população que vive abaixo da linha de pobreza com menos de um dólar por dia.