Agência Panafricana de Notícias

Nigéria protesta contra "mortes" de seus cidadãos na Líbia

Lagos, Nigéria (PANA) – Pela segunda vez em várias semanas, a Nigéria protestou junto das autoridades de transição na Líbia por alegadas "mortes persistentes" de seus cidadãos e outros Negros neste país norte-africano.

A Nigéria pediu igualmente ao Reino Unido e a França para persuadir o Conselho Nacional a fazer cessar tais assassinatos.

Segundo relatos da imprensa local, o coordenador dos Nigerianos na Líbia, Daramola Sidji, lançou apelos de socorro ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Olugbenga Ashiru, face ao que considerou de "prosseguimento dos ataques contra os Nigerianos e outros cidadãos negros em Tripoli, Benghazi, Gath, Agadez e Sirtes".

« Não podemos sair das nossas casas, a minha mulher e os meus filhos. Seremos com certeza assassinados. Não temos alimentos e falta-nos tudo », queixou-se Siji.

Os Líbios negros e os trabalhadores imigrantes originários da África Subsariana são objeto de ataques por parte dos rebeldes do CNT, que pensam que eles são solidários de Kadafi.

Segundo Siji, apesar de que Kadafi tinha alguma simpatia para com os Negros, muitos deles não estiveram implicados na crise.

« A verdade é que, quando Kadafi esteve no poder, ele tinha simpatias para com os Africanos negros e muitos instalaram-se mesmo na Líbia. Na realidade, há uma cidade no sul da Líbia denominada Suyima que é essencialmente povoada por Nigerianos, nomeadamente Haussas. A cidade partilha uma fronteira com a Argélia e o Níger », explicou.


Por isso, prosseguiu, devido a esta simpatia de Kadafi para com os Negros, os rebeldes desconfiam que os Negros possam fazer tudo ao seu alcance para proteger Kadafi "pelo que decidiram matar todos os Negros que eles encontram ».

« Os Nigerianos foram visados pelos ataques contra os Negros, pois o rebeldes dificilmente podem distingui-los dos Ganenses, dos Malianos, dos Burkinabes, dos Senegaleses e dos Gambianos », indicou o coordenador dos Nigerianos na Líbia.

Segundo o jornal nigeriano « The Nation », o Ministério dos Negócios Estrangeiros contactou o CNT, a Grã-Bretanha e França sobre a necessidade de cessar as matanças dos trabalhadores imigrantes negros, nomeadamente dos Nigerianos.

O Governo Federal pediu igualmente à Grã-Bretanha e a França para pressionar os líderes do CNT para que eles peçam aos seus soldados que ponham termo ao massacre dos Negros na Líbia, escreve o jornal.

A Nigéria é um dos primeiros países africanos a reconhecer o CNT como autoridade legítima da Líbia, para proteger os seus cidadãos, mesmo antes da União Africana (UA), que ainda não o fez.

A UA e vários países africanos bem como Organizações não Governamentais condenaram os alegados "ataques, torturas e mortes de Negros na Líbia".

Muitos deles afirmam que esta questão não tem tido a cobertura suficiente dos Governos e da imprensa ocidental.

-0- PANA SEG/NFB/JSG/FK/IZ 05set2011