Mulheres manifestam-se na Guiné contra Governo
Conakri, Guiné (PANA) – Cerca de um milhar de mulheres, da Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC, oposição) na Guiné Conakry, manifestaram-se terça-feira última em Conakry para exprimirem a sua cólera contra as matanças durante "comícios pacíficos".
Numa extensão de cerca de dois quilómetros, as mulheres, vestidas de vermelho ou de branco, percorreram as artérias de alguns bairros do subúrbio de Conakry para escandirem slogans hostís ao regime no poder, nomeadamente ao chefe do Estado, Alpha Condé, qualificado de “zero”.
Nos panfletos, podia ler-se "Libertem nossos maridos e nossos filhos", "Chega de Matanças a nossos filhos”, “É demais”, “Queremos justiça para nossos filhos”.
À margem da manifestação, enquadrada pelas forças de defesa e de segurança, a porta-voz da FNDC, Hadja Maimouna Bah Diallo, deputada, vice-presidente da União das Forças Democráticas de Guiné (UFDC), o principal partido da oposição, afirmou ter sido decionada pelo Governo.
"Saimos ainda para dizer basta às matanças a nossos filhos. Desde que a FNDC começou as suas manifestações, houve cerca de 20 mortos”, indignou-se.
Acrescentou que "as mulheres, fonte de vida, estamos chocadas por estes ataques bárbaros por parte das forças da ordem que matam os nossos filhos."
Saudou "a honestidade" da ONG (Organização Não Governamental) Amnistia Internacional que, num recente relatório sobre a Guiné Conakry, denunciou "a violação dos direitos humanos" no país.
Por seu turno, Hadja Sarangbé Condé, presidente das mulheres da FNDC, disse que as manifestações continuarão até quando forem satisfeitas as suas reivindicações.
" Estamos à frente dum Governo bandido, onde é preciso fazer pressão obrigatoriamente para que ele compreenda”, indignou-se.
Acrescentou que as mulheres exigem a instauração duma comissão de inquérito para encontrar criminosos e puní-los.
Criada em abril último por atores da sociedade civil, a FNDC é constituída igualmente por artistas, sindicalistas, líderes políticos da oposição que afirmam ser determinados a impedir a organização dum referendo, destinado a mudar a Constituição para permitir ao Presidente Alpha Condé disputar um terceiro mandato, além do seu segundo e último quinquénio que terminará em finais de outubro de 2020.
Quanto ao seu coordenador, Abdouramane Sanoh, e aos seus sete outros camaradas, foram detidos na véspera das primeiras manifestações de rua, a 14 de outubro último, tendo sido julgados e condenados a penas de prisão firme que vão de seis meses a um ano.
-0-PANA AC/BEH/MAR/DD 19nov2019