MpD repudia suspeitas levantadas sobre resultados eleitorais em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Movimento para a Democracia (MpD), partido vencedor das eleições legislativas de 18 de abril em Cabo Verde, repudiou as suspeitas lançadas em torno dos resultados eleitorais pelo PAICV, apontando para alegados ilícitos eleitorais que considerou terem influenciado e condicionado a votação.
Em conferência de imprensa, a secretária-geral do MpD, Filomena Delgado, acusou o PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde) de ser "mau perdedor" e de desrespeitar os Cabo-verdianos.
Em reação às acusações feitas pelo principal partido da oposição, a porta-voz do MpD disse que os Cabo-verdianos "não são manipuláveis", sublinhando que se o PAICV ficou surpreendido pelos resultados eleitorais e que a responsabilidade é exclusivamente sua.
"Enquanto o MpD governava e retirava Cabo Verde da crise económica em que o PAICV nos colocou, o partido liderado por Janira Hopffer Almada fazia uma política de terra queimada, nunca reconhecendo as dificuldades que milhares de cabo-verdianos estavam a atravessar e os sinais positivos que iam surgindo.
"Nem em período de pandemia, o PAICV se colocou ao lado do país, tendo mesmo uma posição negacionista, colocando em risco a vida dos cabo-verdianos", criticou.
Para a secretária-geral do partido no poder, o PAICV continua a "prestar um mau serviço à democracia cabo-verdiana". "Os Cabo-verdianos merecem mais respeito. A vontade popular manifestada nas eleições foi a vontade de um povo livre com capacidade de decidir o seu futuro", afirmou.
Para o MpD, o partido na oposição deve aprender a lição e "abandonar a política populista, irresponsável e sem sentido de Estado" dos últimos anos.
"Do lado do MpD o nosso compromisso com os Cabo-verdianos mantém-se focado no futuro e na estabilidade. Venceremos a covid, relançaremos a economia para voltar a gerar emprego e criar condições de melhoria de vida para todos os Cabo-verdianos", anotou.
Na ocasião, a secretária-geral do MpD regozijou-se também com os resultados definitivos publicados pela CNE, e agradeceu aos Cabo-verdianos pela confiança depositada no partido para continuar a trabalhar para um Cabo Verde melhor e mais seguro.
“Agradecemos a confiança dos Cabo-verdianos e reconhecemos a participação ativa dos militantes, amigos e simpatizantes do MpD no processo eleitoral”, declarou Filomena Delgado.
Segundo a dirigente do MpD, os Cabo-verdianos votaram de forma “consciente, livre e democrática” e escolheram quem consideram mais apto para governar Cabo Verde e servir os Cabo-verdianos.
Entretanto, na passada sexta-feira, o vice-presidente do PAICV, João Batista Pereira, anunciou que o seu partido vai levar a tribunal o MpD e o Governo por alegados ilícitos eleitorais que considerou influenciarem e condicionarem a votação.
Na altura, o Batista Pereira apontou atos e omissões da administração do Estado, considerando que não foi isenta e não garantiu a necessária neutralidade exigida para as eleições em Cabo Verde.
Para o porta-voz do PAICV, o partido vencedor das eleições legislativas, através do Governo, da administração pública, empresas e institutos públicos, delineou e executou um "detalhado plano para captação do voto".
Assim, apontou um conjunto de decisões do Governo que entende "subvertem as bases da democracia" no país, como a nomeação de gestores públicos após a publicação do decreto presidencial que marca a data das eleições, nomeação de dirigentes do seu partido para o Banco de Cabo Verde, Bolsa de Valores ou Parque Tecnológico.
O PAICV denunciou ainda que o Governo pagou dívidas de água e energia a família vulneráveis, doou sementes, pesticidas, materiais de irrigação e rações aos agricultores e criadores de gado dentro do período proibido pelo Código Eleitoral.
"Na verdade, a questão que aqui deve ser colocada é claramente a seguinte: para onde vai a democracia cabo-verdiana, se o próprio Estado não respeita as leis?", questionou o dirigente, para quem o seu partido não põe em causa os resultados eleitorais, mas garantiu que vai lutar para que não seja posta em causa a democracia cabo-verdiana.
Segundo o mapa com o resultado total da eleição de 18 de abril publicado pela CNE, o MpD obteve 110.211 votos, o que corresponde a 50,04 por cento do total, e elegeu 38 deputados, enquanto o PAICV conseguiu 87.151 votos, equivalentes a 39,57 por cento, ficando com 30 deputados.
Já a União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) teve 19.796 votos, que corresponde a 8,99 por cento, tendo conseguido quatro deputados, todos pelo círculo eleitoral de São Vicente.
Concorreram ainda o Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS), Partido Popular (PP) e Partido Social Democrático (PSD), mas não conseguiram votos suficientes para eleger deputados à Assembleia Nacional de Cabo Verde.
-0- PANA CS/IZ 05maio2021