PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Morreu nacionalista cabo-verdiano José Leitão da Graça
Praia, Cabo Verde (PANA) – José Leitão da Graça, líder da extinta União do Povo das ilhas de Cabo Verde (UPICV) e figura histórica do nacionalismo cabo-verdiano, morreu domingo à noite aos 83 anos na cidade do Tarrafal, na ilha cabo-verdiana de Santiago, anunciou à PANA fonte familiar.
José Leitão da Graça nasceu na cidade da Praia, a 30 de Novembro de 1931, tendo iniciado a sua atividade política, no início dos anos 50, quando era estudante de Direito em Lisboa, onde conheceu Amílcar Cabral, que o introduziu nos círculos oposicionistas à ditadura salazarista e o colocou em contacto com figuras que, anos mais tarde, viriam a ser referência das lutas de emancipação das colónias portuguesas.
Ele tornou-se em 1963, líder da UPICV, partido fundado em 1959 em Rhode Island, Estados Unidos da América (EUA), pelo seu irmão Aires da Graça, e que se opunha ao projeto da unidade entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau, preconizada por Amilcar Cabral.
Este facto levou Leitão da Graça a incompatibilizar-se com Amílcar Cabral, então líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), tendo passado a viver, durante grande parte da luta de libertação dessas duas antigas colónias portuguesas, em Accra, no Gana, onde trabalhou como locutor da rádio nacional daquele país.
Com a mudança de regime político em Portugal, na sequência da revolução de 25 de abril de 1974, Leitão da Graça regressou a Cabo Verde onde se tornou um dos adversários do PAIGC que, embora a favor da independência, opôs-se ao projeto da unidade com a Guiné-Bissau.
Tal como aconteceu com os outros adeversários do PAIGC, a UPICV acabou por ser neutralizado pelo partido de Amílcar Cabral, que foi reconhecido pelas Nações Unidas como o legitimo representante do povo de Cabo Verde.
Leitão da Graça seguiu então para um segundo exílio, em Portugal, onde permaneceu até 1986, ano em que regressou a Cabo Verde, ainda durante o regime de partido único.
Em 1990, com a abertura política, ele tentou ressuscitar a UPICV, mas sem sucesso. Contudo, ele continuou a posicionar-se politicamente sobre os mais variados assuntos da vida nacional através, sobretudo, de artigos em jornais, parte dos quais estão reunidos no seu livro “Golpe de Estado em Portugal… Traída a descolonização de Cabo Verde” (Praia, 2004).
Aliás, historicamente, José Leitão da Graça foi dos primeiros políticos cabo-verdianos a defender, pelo menos, um regime de “autonomia” para São Vicente, como forma de contrabalançar a centralização da Praia no pós-independência.
Nas redes sociais, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, descreveu José Leitão da Graça como um “nacionalista convicto, lutador determinado e singular pela causa da independência do país e que marcou uma geração de luta”.
Ao apresentar os seus sentimentos de pesar aos familiares, o mais alto magistrado da Nação
recorda que Leitão da Graça assumiu a condição de membro da Comissão de Honra da sua candidatura presidencial, num contexto nada fácil (2001), condição que manteve na candidatura de 2011.
O Governo destacou igualmente José Leitão da Graça como uma figura histórica do nacionalismo cabo-verdiano, afirmando que a sua morte causa uma “grande consternação” para o país.
Em nota enviada à imprensa, o Governo, através do ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Démis Lobo Almeida, sublinha que, como nacionalista, o líder da extinta União do Povo das ilhas de Cabo Verde (UPICV), foi um “ardente” defensor da independência de Cabo Verde.
O Governo presta ainda uma “sentida homenagem” ao combatente da liberdade da pátria e expressa as suas condolências aos familiares de Leitão da Graça, que, a par da sua forte intervenção política, deixou um considerável espólio literário.
-0- PANA CS/TON 14setembro2015
José Leitão da Graça nasceu na cidade da Praia, a 30 de Novembro de 1931, tendo iniciado a sua atividade política, no início dos anos 50, quando era estudante de Direito em Lisboa, onde conheceu Amílcar Cabral, que o introduziu nos círculos oposicionistas à ditadura salazarista e o colocou em contacto com figuras que, anos mais tarde, viriam a ser referência das lutas de emancipação das colónias portuguesas.
Ele tornou-se em 1963, líder da UPICV, partido fundado em 1959 em Rhode Island, Estados Unidos da América (EUA), pelo seu irmão Aires da Graça, e que se opunha ao projeto da unidade entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau, preconizada por Amilcar Cabral.
Este facto levou Leitão da Graça a incompatibilizar-se com Amílcar Cabral, então líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), tendo passado a viver, durante grande parte da luta de libertação dessas duas antigas colónias portuguesas, em Accra, no Gana, onde trabalhou como locutor da rádio nacional daquele país.
Com a mudança de regime político em Portugal, na sequência da revolução de 25 de abril de 1974, Leitão da Graça regressou a Cabo Verde onde se tornou um dos adversários do PAIGC que, embora a favor da independência, opôs-se ao projeto da unidade com a Guiné-Bissau.
Tal como aconteceu com os outros adeversários do PAIGC, a UPICV acabou por ser neutralizado pelo partido de Amílcar Cabral, que foi reconhecido pelas Nações Unidas como o legitimo representante do povo de Cabo Verde.
Leitão da Graça seguiu então para um segundo exílio, em Portugal, onde permaneceu até 1986, ano em que regressou a Cabo Verde, ainda durante o regime de partido único.
Em 1990, com a abertura política, ele tentou ressuscitar a UPICV, mas sem sucesso. Contudo, ele continuou a posicionar-se politicamente sobre os mais variados assuntos da vida nacional através, sobretudo, de artigos em jornais, parte dos quais estão reunidos no seu livro “Golpe de Estado em Portugal… Traída a descolonização de Cabo Verde” (Praia, 2004).
Aliás, historicamente, José Leitão da Graça foi dos primeiros políticos cabo-verdianos a defender, pelo menos, um regime de “autonomia” para São Vicente, como forma de contrabalançar a centralização da Praia no pós-independência.
Nas redes sociais, o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, descreveu José Leitão da Graça como um “nacionalista convicto, lutador determinado e singular pela causa da independência do país e que marcou uma geração de luta”.
Ao apresentar os seus sentimentos de pesar aos familiares, o mais alto magistrado da Nação
recorda que Leitão da Graça assumiu a condição de membro da Comissão de Honra da sua candidatura presidencial, num contexto nada fácil (2001), condição que manteve na candidatura de 2011.
O Governo destacou igualmente José Leitão da Graça como uma figura histórica do nacionalismo cabo-verdiano, afirmando que a sua morte causa uma “grande consternação” para o país.
Em nota enviada à imprensa, o Governo, através do ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Démis Lobo Almeida, sublinha que, como nacionalista, o líder da extinta União do Povo das ilhas de Cabo Verde (UPICV), foi um “ardente” defensor da independência de Cabo Verde.
O Governo presta ainda uma “sentida homenagem” ao combatente da liberdade da pátria e expressa as suas condolências aos familiares de Leitão da Graça, que, a par da sua forte intervenção política, deixou um considerável espólio literário.
-0- PANA CS/TON 14setembro2015