Agência Panafricana de Notícias

Mo Ibrahim defende comportamento de empresas chinesas em África

Paris, França (PANA) – O empresário bilionário de origem sudanesa Mohammed Ibrahim “Mo Ibrahim” considerou segunda-feira "completamente exagerado" insinuar que as empresas chinesas praticam a corrupção à grande escala em África e que o seu país se comporta como predator das matérias-primas do continente.

« A China não é um obstáculo à transparência em África, muito menos um Estado criminoso. Os Europeus não têm lições a dar aos Chineses nesta matéria », afirmou o empresário durante um encontro com um grupo de jornalistas na capital francesa, Paris.

Ele acusou vivamente os Europeus de exagerar a presumível corrupção das empresas em África para cobrir as suas próprias depravações e a sua recusa da transparência.

« Ouve-se aqui e acolá Europeus dizerem que eles não podem inscrever-se numa lógica de transparência em África porque os seus concorrentes chineses não o fazem. É um argumento inaceitável", indicou Mo Ibrahim, que fez fortuna na telefonia celular.

Segundo ele, várias empresas chinesas operam atualmente sob a legislação americana sobre a transparência que lhes impõe a rejeição do recurso à corrupção e às práticas desleais.

« Não é o caso de várias empresas europeias. É necessário que os Europeus que se dão de grandes dadores de lições, nos mostrem o que eles sabem fazer em matéria de corrupção, nos mostrem a sua civilização”, insistiu o presidente da Fundação Mo Ibrahim.

O empresário de origem sudanesa defendeu a transparência absoluta nas relações entre as empresas estrangeiras, nomeadamente as do setor das minas, e os países africanos.

« Estabelecer contratos com transparência nas minas, no petróleo e noutras indústrias extrativas é apenas uma questão moral e é também o melhor meio de garantir um ambiente são dos negócios. Portanto, é no interesse de todos garantir esta transparência », argumentou Mo Ibrahim.

Tomando o exemplo da Iniciativa para a Transparência das Indústrias Extrativas (ITIE), ele indicou que a transparência beneficiava tanto as populações como as próprias empresas exploradoras.

“Para cada mina explorada, queremos saber quanto entra efetivamente nos cofres do Estado. Quanto vai para a Presidência. Que outros montantes vão aqui e acolá. Nalguns países africanos, em cada quatro dólares saídos da exploração petrolífera, um dólar desaparece. De igual modo, em cada quatro crianças que nascem, uma não atinge a idade dos cinco anos. Não é admissível », deplorou o fundador da companhia de telefonia Celtel, tornada Zain.

Ele apelou também aos responsáveis de grandes empresas que operam em África para não se limitarem somente às profissões de fé em matéria de transparência.

« Não queremos que se fique apenas nas proclamações da transparência. Queremos atos, comportamentos. E, neste plano, as empresas chinesas em África não têm lições a receber da Europa », insistiu o empresário.

A Fundação Mo Ibrahim apoia várias iniciativas da sociedade civil para a transparência e a boa governação económica em África.

Ela participou na última conferência internacional da ITIE que decorreu de 2 a 3 de março em Paris (França).

-0- PANA SEI/JSG/MAR/IZ 14março2011