Ministro sul-africano contra declarações de Ramaphosa na Rússia
Cidade do Cabo, África do Sul (PANA) - O ministro sul-africano da Agricultura, Steenhuisen, considerou a guerra atual entre a Rússia e a Ucrânia, onde Vladmir Putin (Presidente russo) é acusado de crimes de guerra, como uma das razões pelas quais o seu país não pode alinhar com a Rússia.”
Reagindo, quarta-feira última, às declarações feitas um dia antes pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, durante um encontro bilateral com o seu homólogo russo em Kazan (cidade russa), Steenhuisen frisou que “o nosso Governo não pode simplesmente fazer declarações suscetíveis de comprometer as relações internacionais, cruciais para atingirmos os nossos objetivos de crescimento e de criação de empregos.”
O governante, que pertence à Aliança Democrática (DA, sigla em inglês), segunda força política na África do Sul, aludia ao sentimento dos mercados financeiros que evoluíram muito a favor da África do Sul desde a formação do Governo de União Nacional (GNU, sigla em inglês), em junho último.
De facto, durante um encontro com o seu homólogo russo, o Presidente Ramaphosa qualificou a Rússia de “aliado e amigo precioso, que apoiou a África do Sul desde o apartheid (política sul-africana de segregação racial).
O encontro decorreu à margem da cimeira do BRICS (Brasil, Rússia, China e África do Sul) em curso em Kazan desde terça-feira última.
Retorquindo, o gabinete de apoio ao chefe do Estado sul-africano declarou que a DA não pode impor as suas posições ao Presidente da República, no âmbito do GUN.
A seu ver, esta declaração (do ministro da Agricultura) é uma tentativa de microgerir o Presidente, o que não será autorizado, a despeito da importância e do respeito que este último presta ao GNU.
O porta-voz de Ramaphosa, Vincent Magwenya, sublinhou que o este último não pode ser microgerido pela DA nem por outro partido político em matéria de gestão da política estrangeira do país.
O chefe do Estado sul-africano pronuncia, esta quinta-feira, em Kazan, um discurso durante a cimeira do BRICS/BRICS Mais, a decorrer sob o lema “BRICS e o SUl Global: construir juntos um mundo melhor”.
As suas metas são “Reforçar o multilateralismo para um desenvolvimento e uma segurança justos à escala mundial” e “reforçar os laços entre o BRICS e as principais economias em desenvolvimento”.
A organização desempenha um papel importante num mundo multipolar, defendendo o multilateralismo, a cooperação mutuamente benéfica e o desenvolvimento sustentável.
Participam neste fórum o Brasil, a China, o Egito, a Etiópia, a Índia, o Irão, a Rússia, a África do Sul e os Emirados Árabes Unidos que se encontram pela primeira vez desde que novos membros foram convidados a aderiem ao BRICS aquando da segunda cimeira em Joanesburgo (África do Sul), em agosto de 2023.
-0- PANA CU/RA/BAI/IS/SOC/DD 23out2024