Agência Panafricana de Notícias

Ministro da Indústria designado novo chefe de Governo na Tunísia

Túnis, Tunísia (PANA) - Mehdi Jomaâ, 50 anos, ministro da Indústria no atual Governo, foi designado sábado à noite, pela classe política tunisina, para ocupar o cargo de primeiro-ministro depois de mais de dois meses de desacordo e difíceis negociações.

O novo primeiro-ministro, cuja designação está ainda longe de fazer a unanimidade no seio da oposição, deverá conduzir o país a eleições presidenciais e legislativas em 2014, três anos depois da "revolução do jasmin" que desencadeou a chamada "Primavera Árabe".

Com efeito, Mehdi Jomaâ, que figurava entre cerca de 20 personalidades designadas desde o início das negociações em outubro passado, apenas obteve nove votos dos 21 partidos que participam no diálogo nacional, contra dois votos para Jalloul Ayed, antigo ministro das Finanças, enquanto sete partidos se abstiveram e três outros estavam ausentes.

O opositor Hamma Hammami, porta-voz da Frente Popular (FP), uma coligação de esquerda, contestou esta escolha, afirmando que, tendo em conta o número de votos obtidos, "Jomaâ não pode ser um candidato de consenso", e acusou "a Troika" de desejar através desta escolha, manter-se no poder".

Desconhecido do público e sem filiação política, o novo primeiro-ministro é chamado a formar, nas duas próximas semanas, um gabinete de ministros apolíticos, para substituir o da "Troika" dominado essencialmente pelo movimento islamita "Ennahdha" que conta com o apoio de dois pequenos partidos laicos.

Engenheiro de formação, Mehdi Jomaã fez carreira no seio da Aerospace, uma filial do grupo francês Total onde, como membro do comité de direção, dirigiu em 2009 a Divisão Aeronáutica e Defesa e supervisionou seis filiais instaladas em França, nos Estados Unidos, na Índia e na Tunísia.

Lembre-se que o diálogo nacional, que desembocou na designação do novo chefe de Governo, foi iniciado por quatro importantes organizações (sindicato, patronato, Ordem dos Advogados e Liga dos Direitos Humanos) e visou tirar o país duma profunda crise política provocada pelo assassinato, em finais de julho passado, do deputado da oposição Mohamed Brahim.

Este último foi abatido com 11 balas diante da sua casa, seis meses depois do assassinato de Chokri Belaid, um outro opositor morto nas mesmas circunstâncias.

A mudança de Governo surge, segundo peritos, num contexto em que a situação económica e social no país se deteriora cada vez mais com as ameaças persistentes à segurança provenientes nomeadamente de organizações terroristas ligadas à rede Al Qaeda.

Igualmente, o chefe do poderoso sindicato UGTT, Houcine Abassi, destacou a urgência de o próximo Governo resolver o mais rápido possível as questões económicas, sociais e de segurança, em particular a luta contra o terrorismo.

"É igualmente chamado a tomar as medidas apropriadas para garantir eleições honestas e transparentes, para instaurar instituições perenes e garantir a estabilidade no país", sugeriu.

O "roteiro da paz" elaborado pelo quarteto prevê paralelamente a adoção nas próximas semanas de uma nova Constituição, a instauração de uma instância eleitoral independente e a fixação da data das eleições.

-0- PANA BB/SSB/MAR/IZ 15dez2013