PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Ministro considera "normal" fecho de jornais privados em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O ministro da Cultura e Indústrias Criativas e titular da pasta da Comunicação Social, Abraão Vicente, considerou "normal" segunda-feira que os jornais privados em Cabo Verde deixem de fazer sentido ou de ter sustentabilidade financeira para a sua sobrevivência.
Numa publicação feita na sua página do Facebook e retransmitida pela imprensa local, Abraão Vicente disse que “a comunicação social cabo-verdiana está numa fase de transição” e que por isso “é normal que projetos editoriais privados deixem de fazer sentido ou deixem de ter sustentabilidade financeira”.
Para o governante, o “importante neste momento é fazer com que os direitos dos trabalhadores sejam garantidos” e que a lei e o Estado de direito funcionem”.
“A sociedade civil deve assumir a responsabilidade de criar novos projetos editoriais privadas para alavancar a liberdade de expressão e a plena liberdade de imprensa garantida pela constituição”, recomendou.
Em recentes declarações à Rádio de Cabo Verde, o ministro da Cultura e Indústrias Criativas considerou que a situação da imprensa cabo-verdiana "é preocupante", salientando que são projetos privados, aos quais o Governo não pode atribuir subsídios.
Porém, o ministro disse estar "atento" para perceber como é que pode ajudar.
A crise que assola a imprensa privada cabo-verdiana ganhou novos contornos quando o jornal “A Semana”, propriedade da Nova Editora e com 26 anos de publicação, suspendeu em dezembro último a sua edição impressa, mantendo apenas a presença online.
Este processo de reestruturação, anunciada pela administração do jornal privado mais antigo de Cabo Verde, deixou perto de uma dezena de jornalistas no desemprego e sem seis meses de salário.
Vários outros jornalistas cabo-verdianos ficaram igualmente no desemprego após o fecho recente de outras publicações privadas, como o semanário “A Voz” e o jornal online “Ocean Press”.
Entretanto, a presidente da Associação Sindical dos Jornalistas Cabo-verdianos (AJOC), Carla Lima, disse que a sua instituição está a acompanhar a situação da imprensa cabo-verdiana "com muita preocupação", anotando que são sempre os privados que têm mais problemas.
Considerando que a AJOC "muito pouco pode fazer" para salvar os jornais, Carla Lima opina que o Estado deve repensar os mecanismos de apoio à imprensa privada.
Por sua vez, já o professor universitário e investigador cabo-verdiano Daniel Medina disse à agência de notícia portuguesa Lusa que a democracia de Cabo Verde está em perigo com o fecho de jornais, considerando que o país deve promover um debate sobre o assunto.
"A nossa democracia está a ser solidificada, mas está sempre em perigo porque quando se calam vozes dos jornais, calam-se um bocado da democracia, a pluralidade de opiniões, a versatilidade no sentido de compreendermos por que caminho é que vamos", analisou.
Daniel Medina, professor universitário, investigador, jornalista e coordenador do curso de Comunicação Social e Jornalismo da Universidade pública de Cabo Verde (Uni-CV), considera que, mesmo estando "debilitantes e debilitados financeiramente", o fim de alguns jornais é um "perigo grave" para a democracia.
"Penso que se deveria arranjar imediatamente uma discussão aberta entre a sociedade civil e o Estado para que se resolvesse essa situação senão vamos ter simplesmente uma ou outra voz: Com menos jornais, as pessoas correm mais risco de serem manipuladas", alertou.
"Isso é terrível para o nosso crescimento como seres humanos", referiu o professor universitário, para quem é "urgente" o país começar a realizar encontros e fazer debates sobre o jornalismo.
-0- PANA CS/DD 07fev2017
Numa publicação feita na sua página do Facebook e retransmitida pela imprensa local, Abraão Vicente disse que “a comunicação social cabo-verdiana está numa fase de transição” e que por isso “é normal que projetos editoriais privados deixem de fazer sentido ou deixem de ter sustentabilidade financeira”.
Para o governante, o “importante neste momento é fazer com que os direitos dos trabalhadores sejam garantidos” e que a lei e o Estado de direito funcionem”.
“A sociedade civil deve assumir a responsabilidade de criar novos projetos editoriais privadas para alavancar a liberdade de expressão e a plena liberdade de imprensa garantida pela constituição”, recomendou.
Em recentes declarações à Rádio de Cabo Verde, o ministro da Cultura e Indústrias Criativas considerou que a situação da imprensa cabo-verdiana "é preocupante", salientando que são projetos privados, aos quais o Governo não pode atribuir subsídios.
Porém, o ministro disse estar "atento" para perceber como é que pode ajudar.
A crise que assola a imprensa privada cabo-verdiana ganhou novos contornos quando o jornal “A Semana”, propriedade da Nova Editora e com 26 anos de publicação, suspendeu em dezembro último a sua edição impressa, mantendo apenas a presença online.
Este processo de reestruturação, anunciada pela administração do jornal privado mais antigo de Cabo Verde, deixou perto de uma dezena de jornalistas no desemprego e sem seis meses de salário.
Vários outros jornalistas cabo-verdianos ficaram igualmente no desemprego após o fecho recente de outras publicações privadas, como o semanário “A Voz” e o jornal online “Ocean Press”.
Entretanto, a presidente da Associação Sindical dos Jornalistas Cabo-verdianos (AJOC), Carla Lima, disse que a sua instituição está a acompanhar a situação da imprensa cabo-verdiana "com muita preocupação", anotando que são sempre os privados que têm mais problemas.
Considerando que a AJOC "muito pouco pode fazer" para salvar os jornais, Carla Lima opina que o Estado deve repensar os mecanismos de apoio à imprensa privada.
Por sua vez, já o professor universitário e investigador cabo-verdiano Daniel Medina disse à agência de notícia portuguesa Lusa que a democracia de Cabo Verde está em perigo com o fecho de jornais, considerando que o país deve promover um debate sobre o assunto.
"A nossa democracia está a ser solidificada, mas está sempre em perigo porque quando se calam vozes dos jornais, calam-se um bocado da democracia, a pluralidade de opiniões, a versatilidade no sentido de compreendermos por que caminho é que vamos", analisou.
Daniel Medina, professor universitário, investigador, jornalista e coordenador do curso de Comunicação Social e Jornalismo da Universidade pública de Cabo Verde (Uni-CV), considera que, mesmo estando "debilitantes e debilitados financeiramente", o fim de alguns jornais é um "perigo grave" para a democracia.
"Penso que se deveria arranjar imediatamente uma discussão aberta entre a sociedade civil e o Estado para que se resolvesse essa situação senão vamos ter simplesmente uma ou outra voz: Com menos jornais, as pessoas correm mais risco de serem manipuladas", alertou.
"Isso é terrível para o nosso crescimento como seres humanos", referiu o professor universitário, para quem é "urgente" o país começar a realizar encontros e fazer debates sobre o jornalismo.
-0- PANA CS/DD 07fev2017