Agência Panafricana de Notícias

Militante ganense de direitos humanos qualifica morte de Kadafi de "assassinato"

Accra, Gana (PANA) – Um jornalista e militante dos direitos humanos ganense, Kwesi Pratt Jnr, condenou a morte do antigo líder líbio, Muamar Kadafi, qualificando-a de “assassinato”.

«Matar um chefe de Estado, seja ele um ditador ou um democrata, o que a Organização do Tratado Atlântico Norte (NATO) fez é horrível. É escandaloso e deve ser condenado nos termos mais fortes possíveis. É um assassinato, é ilegal e é um ato de terrorismo…. », declarou quinta-feira durante um programa televisivo.

Pratt, socialista, qualificou a guerra na Líbia, intensificada pela NATO e que provocou a morte do coronel Kadafi , de «escândalo contra o continente (africano) ».

« Sem a intervenção da NATO, nenhuma força na Líbia poderia derrubar Kadafi, muito menos assassiná-lo. Os rebeldes conseguiram obter este resultado essencialmente graças ao apoio da NATO...”, indignou-se.

Pratt descreveu o ex-líder líbio como sendo "um homem enigmático e, cheio de contradições .

"Ele (Kadafi) opôs-se à monarquia ; ele derrubou a monarquia e inspirou respeito por isso; mas, depois, ele pensou em tornar-se ele-próprio num monarca”, frisou.

Segundo ele, deve lembrar-se do antigo líder líbio como duma pessoa que trabalhou arduamente para melhorar o nível de vida do povo líbio, citando a criação dum rio artificial e outras intervenções sociais.

Por outro lado, um consultor da União Africana (UA), Nii Alabi, achou «infeliz » a morte do coronel Kadafi, qualificando este último de « ícone » de África.

O antigo número um líbio, segundo ele, foi um dos raros líderes africanos que podia resistir às nações ocidentais e dizer-lhes abertamente a forma como eles tratam África injustamente.

« Kadafi simbolizou muitas coisas mas a sua posição a favor da criação dos Estados Unidos de África é alguma coisa que Kwame Nkrumah defendeu, algo que o levou a gostar de vários outros pan-africanistas", referiu.

"Creio que, no que diz respeito a África, perdemos alguém que tentou dizer "sim, eu gosto deste continente", declarou o socialista ganense numa estação rádio instalada em Accra.

No quadro do comentário da morte do coronel Kadafi, a imprensa ganense desta sexta-feira, nomeadamente jornais, divulgaram a foto do rosto coberto de sangue do ex-líder líbio.

« Kadafi assassinado », anunciam ao mesmo tempo, nas suas respetivas primeiras páginas, os diários Graphic e Times.

O Governo ganense ainda não reagiu à evolução da situação na Líbia.

-0- PANA MA/SEG/NFB/JSG/FK/DD 21out2011