Agência Panafricana de Notícias

Milícias armadas torturam e lançam migrantes africanos ao Mediterrâneo

Túnis, Tunísia (PANA) - Elementos das milícias armadas líbias agrediram migrantes africanos num centro de acolhimento de Misrata, uma cidade sob controlo de grupos armados, revelou um operador de câmara dinamarquês numa reportagem sobre a Líbia, um país mergulhado no caos desde a destituição de Muamar Kadafi em 2011.

Além destas agressões físicas contra os migrantes africanos no interior dos centros onde eles estão retidos à força, as milícias obrigam vários deles a usar pequenas embarcações sem segurança antes de os lançar numa morte certa nas ondas do Mediterrâneo.

Fontes concordantes afirmam que o tráfico de migrantes, nomeadamente africanos, através do Mediterrâneo se tornou uma atividades das milícias que lhes permite ganhar milhões de dólares americanos.

Sobreviventes destas viagens afirmam que as milícias obrigam os migrantes a pagar importantes somas de dinheiro, indo até quatro mil dólares americanos por pessoa, para uma viagem de noite cheia de riscos a bordo de embarcações obsoletas.

No total, mil e 300 migrantes morreram afogados durante este mês de abril, o mais mortífero desde o início do ano, indicam as estatísticas fornecidas pela Organização Internacional das Migrações (OIM), sediada em Genebra (Suíça).

O porta-voz da OIM, Joel Milman, anunciou que o balanço das pessoas desaparecidas no Mediterrâneo desde o início deste ano é 30 vezes mais elevada que o registado durante o mesmo período do ano passado.

A maioria das pessoas afogadas no Mediterrâneo estava a bordo de embarcações partidas das costas líbias em direção das ilhas italianas, nomeadamente Sicília, próxima das costas da África do Norte, precisou Milman.

Segundo relatórios da Agência Europeia para as Gestões das Fronteiras Externas (FRONTEX), a migração clandestina a partir da margem sul do Mediterrâneo em direção da margem norte aumentou de maneira drástica desde a Primavera árabe de 2011, para a qual a Europa contribuiu e interveio militarmente na Líbia com resultados catastróficos para toda a região onde a insegurança e a instabilidade política reinam e ameaçam hoje o velho continente.

-0- PANA AD/IN/JSG/MAR/TON 27abril12015