Mílhões de deslocados na RDC "vítimas de crise neglicenciada", diz OIM
Kinshasa, RDC (PANA) - Milhões de pessoas deslocadas na Repúlica Democrática do Congo (RDC) são vítimas de uma das crises mais negligenciadas do mundo, declarou a Organização Internacional das Migrações (OIM).
A situação é particularmente preocupante na província de Kivu-Norte, onde vivem 2.800.000 de deslocados, disse a fonte.
No decurso da semana finda, mais de 150.000 pessoas foram deslocadas devido ao prosseguimento de combates na cidade Lubero e na de Kanyabayonga, estrategicamente importante, mas sob a custódia dos rebeldes do Movimento de 23 de Março (M23).
Mencionando a situation na cidade capital de Kivu-Norte, Goma, a OIM disse que a mesma se deteriora rapidamente por estar isolada de estradas de abastecimento.
"Os civis estão confrontados com roubos, abusos e assédios. A proximidade das linhas de frente e a presença de armas dentro e à volta dos campos de deslocados comprometem sobremaneira a segurança das populações deslocadas”, lamentou.
Acrescentou que a situação está ainda complicada por causa de ameaças de catástrofes naturais, nomeadamente fortes chuvas, deslizamentos de terras e inundações, em particular em Kivu-Sul e em Tanganyika, que provocaram a deslocação de dezenas de milhares de pessoas em maio último.
A região está particularmente perigosa para agentes humanitários, segundo UN News (órgão noticioso das Nações Unidas).
Domingo último, uma caravana humanitária foi atacada na cidade de Butembo, em Kivu-Norte, com um saldo de dois mortos.
Bruno Lemarquis, coordenador humanitário das Nações Unidas para a RDC, condenou o ataque, sublinhando que “os humanoitários não são alvos, nem as populações civis.”
“A segurança e proteção dos agentes humanitários devem ser garantidas, e os autores destes atos devem ser identificados e processados”, indignou-se.
Além da insegurança, a falta de recursos limita igualmente os esforços de ajuda humanitária, acrescentou.
Segundo o Escritório da Coordenação da Ajuda Humanitária (OCHA), das Nações Unidas, um plano de resposta humanitária, avaliado em 2.600.000 de dólares americanos para a RDC, só foi financiado em apenas 26 por cento, ou seja, com 669.000.000 dólares americanos.
Se for inteiramente financiado, o plano em apreço permitirá às agências das Nações Unidas e seus parceiros humanitários fornecerem assistência e proteção a cerca de 8.700.000 pessoas mais vulneráveis, disse a mesma fonte.
-0- PANA MA/NFB/JSG/DD 03julho2024