Médicos pedem resposta urgente à nova variante da covid-19 em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – O bastonário da Ordem dos Médicos de Cabo Verde (OMCV), Danielson Veiga, pediu, terça-feira, na cidade da Praia, a tomada de medidas urgentes para uma resposta organizada e coordenada para “travar” a nova estirpe da covid-19, cuja presença no país foi confirmada, segunda-feira, 01, apurou a PANA de fonte oficial.
Em declarações à agência cabo-verdiana de notícias (Inforpress), Danielson Veiga sublinhou que já era esperada a entrada de novas variantes no país, já que estão a ser detetadas a nível mundial.
No entanto, ele alerta que a confirmação da presença da estirpe inglesa, em Cabo Verde, pode pôr em causa todo o trabalho realizado no combate à pandemia se as vacinas não forem disponibilizadas “a tempo e horas”.
Acrescentou que as vacinas existentes até agora têm uma certa influência preventiva sobre essas variantes.
Porém, ressalvou, em termos de prognósticos, "não sabemos o que vai acontecer”, e que é por causa disso que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está a fazer pressão sobre a comunidade internacional para a agilização das vacinas para que elas sejam disponibilizadas a nível global.
Neste contexto, alerta para a mudança epidemiológica no país, indicando que a segunda fase da epidemia pode ser sentida, a partir de agora, no arquipélago que, desde janeiro, começou a detetar aumento de casos da covid-19.
A Ordem dos Médicos assinala ainda ser determinante “criar condições para a efetiva operacionalização quer da vigilância epidemiológica, quer da testagem precoce e imediata de todos os contactos de risco”, pelo que admite que “nem Cabo Verde e nem nenhum país do mundo está com condições para combater as novas variantes que vão surgindo”.
Porém, realçou, a esperança de combate assenta-se nas vacinas, apesar de afirmar que, com o surgimento das variantes, a comunidade científica tem levantado dúvidas sobre qual vai ser o quadro epidemiológico no futuro.
“Com o avançar epidemiológico nós não sabemos que variantes vão surgindo, apesar de estudos, a nível internacional avançarem que a vacina tem um domínio confortável sobre as variantes”, declarou o bastonário da OMCV,
Entretanto, o primeiro-ministro cabo-verdiano descartou também, na terça-feira, a adoção de novas medidas após terem sido encontrados no país dois primeiros casos da variante do vírus SARS-CoV-2 detetada, no Reino Unido.
"Não há nenhuma, até porque os países que fazem circulação de turistas e viajantes estão todos com medidas de restrições que impedem grandes circulações", disse Ulisses Correia e Silva, em declarações à imprensa, durante uma visita às comunidades terapêuticas, na cidade da Praia.
O chefe do Governo disse que vai ser feita uma avaliação periódica para serem tomadas as medidas "mais ajustadas", garantindo que não há intenção de adotar novas medidas restritivas sobre as viagens.
"É proteger, manter as regras de distanciamento, uso de máscaras e higienização, porque com estas normas e seu uso de forma generalizada, estaremos a evitar a propagação de qualquer tipo de vírus", referiu.
O anúncio da circulação da nova variante em Cabo Verde foi feito na segunda-feira pela presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), Maria da Luz Lima, indicando que de 24 amostras enviadas ao Instituto Pasteur, em Dakar (Senegal), duas eram da variante detetada inicialmente no Reino Unido.
"Isto quer dizer que no país circulou ou está a circular a variante inglesa do vírus SARS-CoV-2", confirmou a presidente do INSP, referindo que os dois casos são da ilha de Santiago.
"A confirmação da variante inglesa no país é preocupante, porque está associada a uma alta taxa de transmissibilidade, muito maior que o vírus original", acrescentou Maria da Luz Lima, prevendo o surgimento de mais casos graves e, eventualmente, mais óbitos no arquipélago.
Com a confirmação da variante inglesa, a presidente do INSP disse que a comunicação de risco vai ser reforçada em todo o país nos próximos dias para a consciencialização da população.
-0- PANA CS/IZ 03março2021