Agência Panafricana de Notícias

Médicos e enfermeiros estrangeiros prontos a demitir-se na cidade líbia de Benghazi

Tripoli- Líbia (PANA) - Todos os médicos e enfermeiros estrangeiros que trabalham no Centro Médico de Benghazi (nordeste) pretendem demitir-se logo depois do assassinato de um engenheiro francês morto a tiro por desconhecidos nesta cidade, capital do leste do país.

Num comunicado retomado pela imprensa local, o Centro Médico apresentou as suas condolências à família do engenheiro Patrice Real e ao Estado francês.

O engenheiro francês trabalhava como responsável pela segurança numa companhia francesa encarregue do equipamento do terceiro edifício no quadro dum projeto de extensão do Centro Médico de Benghazi que estava a 80 porcento do seu acabamento, indica-se de fonte próxima do estabelecimento hospitaleiro.

Lendo o comunicado, o diretor do Centro Médico, Khaled al-Lafi, acrescentou que as equipas médicas estrangeiras desejam deixar o país devido à deterioração da situação de segurança nesta cidade abalada por uma onda de violências marcadas por assassinatos e atentados que não poupam nem os Líbios nem os estrangeiros.

Os trabalhos no terceiro edifício vão atrasar devido à partida da empresa francesa,

Lançou igualmente um apelo de aflição aos responsáveis municipais e ao Governo líbio para intervirem com vista a garantir a segurança na cidade e evitarem a cessação do trabalho no centro considerado como o maior na província oriental e que acolhe pacientes de todas as cidades e as regiões no leste do país.

Bastião da revolução líbia de 17 de fevereiro de 2011 que, seis meses mais tarde, destituiu o regime de Muamar Kadafi, após 42 anos de poder sem partilha, Benghazi está ainda mergulhada no ciclo da violência marcada por assassinatos de dezenas de oficiais de Polícia e do Exército líbio, bem como de militantes da sociedade civil.

Esta violência fez numerosas vítimas entre os cidadãos estrangeiros que residem na cidade, além dos atentados contra as sedes de missões diplomáticas árabes e estrangeiras, em particular o ataque de 11 de setembro de 2012 contra o Consulado dos Estados Unidos matando o embaixador americano, Christopher Stevens, e três diplomatas americanos.

Nem o primeiro Governo de transição nem o atual gabinete provisório foram capazes de apresentar pessoas implicadas nestes ataques diante da justiça, apesar das promessas repetidas de perseguir estas pessoas consideradas como "bandos criminosos e terroristas".

Mas numerosos Líbios acusam, através dos sítios de redes sociais, grupos extremistas islâmicos ativos na cidade, em particular a região oriental.

-0- PANA AD/BY/AAS/SOC/MAR/DD 04março2014