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Médicos Sem Fronteiras alerta para diminuição de fundos de luta contra sida e tuberculose no mundo

Genebra, Suíça (PANA)  - Fundos internacionais diminuiram após uma década de compromissos fortes a favor da luta contra as epidemias de VIH/Sida  e de  tuberculose (TB), colocando sob pressão países expostos a estas epidemias, alerta um novo relatório da Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O documento foi publicado em previsão duma conferência de doadores do Fundo Mundial.

A MSF declara, num comunicado, que o objetivo de se pôr termo às epidemias de VIH e de TB está longe de ser alcançado, frisando que as duas doenças matam anualmente  quase dois milhões de pessoas.

Apesar disso, os fundos internacionais e domésticos diminuíram em  2018, pela primeira vez em mais de uma década,  registando uma baixa de um bilião de dólares americanos nos países de baixa e média rendas, lê-se no documento.

Por outro lado, o défice financeiro para programas de luta contra a TB aumentou  para atingir anualmente três biliões  500 milhões dólares americanos, segundo cifras das Nações Unidas.

"A tendência baixista global do financiamento põe a luta contra o VIH e a tuberculose em situação crítica”, lamentou Mit Philips, analista da MSF em políticas da saúde.

“Se os progressos obtidos em países como Moçambique podem ser anulados, os países da África Ocidental e Central, já em atraso relativamente ao VIH e à Tuberculose, podem ainda ver a sua situação deteriorada”.

Com base em estudos levados a cabo em nove países, onde a MSF gere programas de luta contra o VIH e a TB, o relatório sublinha que numerosos países confrontados com uma  ajuda externa insuficiente não estão prontos para compensar esta diminuição e assumir esta responsabilidade financeira a curto prazo.O défice de dinheiro disponível tem um impacto imediato sobre os pacientes já que ele pode provocar ruturas de stocks em medicamentos,  a insuficiência dos serviços de despistagem, de prevenção e de tratamentos.

"em cada dia, equipas da MSF constatam que muitos pacientes sofrem e morrem destas doenças curáveis”, deplora Maria Guevara, um dos contribuintes para o relatório.

Esta situação favorece cada vez mais transmissões, uma mortalidade mais elevada, cada vez mais fracassos terapêuticos e casos de resistência ao tratamento, com custos de tratamentos mais elevados para o VIH e a tuberculose.

Em prelúdio à conferência mundial, o relatório da MSF apela aos doadores de fundos para rapidamente inverterem este quadro e adaptarem a sua abordagem aos desafios que os seus países parceiros devem verdeiramente enfrentar.

-0- PANA MA/NFB/BEH/SOC/FK/DD 9out2019