PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Maurícias congelam $ 200 milhões desviados de Angola
Luanda, Angola (PANA) - As ilhas Maurícias congelaram cerca de 200 milhões de dólares americanos em contas bancárias do empresário suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, por suspeitas de fraude contra o Estado angolano, noticiou segunda-feira a imprensa local.
A ordem de congelamento foi dada pelo Supremo Tribunal das ilhas Maurícias contra 25 contas bancárias de Jean-Claude Bastos suspeitas de estarem associadas a um desvio de milhões de dólares americanos do Fundo Soberano de Angola (FSDEA).
O desvio em causa teria ocorrido durante a gestão de José Filomeno dos Santos "Zénu", filho do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos (1979-2017).
Segundo a fonte, a decisão de congelamento seguiu-se a um pedido da Comissão dos Serviços Financeiros (CSF), da Unidade de Informação Financeira (UIF) e do Ministério das Finanças das Maurícias, em colaboração com as autoridades angolanas.
O processo teria sido desencadeado em janeiro deste ano pela CSF, que regula o setor não bancário do país, na sequência das suspeitas expostas pelos Paradise Papers, num escândalo global de fuga a impostos por celebridades e proprietários de grandes fortunas.
No âmbito das averiguações, um representante do Governo angolano esteve este mês nas Maurícias, onde manteve um encontro com o primeiro-ministro Pravind Jugnauth, refere ainda a fonte, notando que o facto de a decisão do Supremo Tribunal maurício chegar dias depois sugere que os dois acontecimentos estejam ligados.
O Governo angolano já reconheceu ter intentado junto do tribunal competente de Londres "uma ação judicial de congelamento mundial dos ativos" contra as entidades envolvidas numa outra operação de transferência ilícita de 500 milhões de dólares americanos, que entretanto acabam de ser recuperados com a sua devolução ao Banco Nacional de Angola (BNA, central).
Jean-Claude Bastos de Morais é também apontando como tendo-se beneficiado igualmente dessa transferência suspeita de 500 milhões de dólares ordenada por José Eduardo dos Santos, pouco antes de deixar o poder, em outubro de 2017, e por iniciativa do seu filho Zénu.
O dinheiro agora congelado nas Maurícias está ligado a vários projetos da Quantum Global, empresa fundada e presidida por Jean-Claude Bastos de Morais e que já teria faturado milhões com dinheiros públicos angolanos, desviados por via do Fundo Soberano.
O esquema foi exposto em novembro do ano passado pelo jornal suíço Le Matin Dimanche, citando as revelações dos Paradise Papers.
Segundo tais revelações, Jean-Claude Bastos de Morais teria encaixado, num único ano (2014), cerca de 120 milhões de dólares americanos por alegada prestação de serviços de consultoria ao FSDEA.
A partir de 2015, o empresário passou a receber entre 60 e 70 milhões de dólares anuais pela gestão de sete fundos de investimento criados nas ilhas Maurícias pela sua empresa Quantum Global, com três biliões de dólares americanos do Fundo Soberano de Angola.
A estes ganhos diretos, decorrentes de honorários pagos pelo Fundo Soberano de Angola, Bastos de Morais junta dividendos de investimentos viabilizados pelo FSDEA, refere a fonte.
A título de exemplo, prossegue, o FSDEA financia em 180 milhões de dólares americanos o projeto de mais de 800 milhões de dólares americanos para construção de um porto, em Cabinda, no norte de Angola, cuja empresa concessionária (Caioporto SA) é detida maioritariamente por Jean-Claude Bastos de Morais.
Entre vários outros empreendimentos, o FSDEA também aprovou 157 milhões de dólares americanos para a edificação de uma torre futurista no centro de Luanda, num terreno que pertence a uma empresa de Bastos de Morais.
Bastos de Morais é ainda apontado como detentor de 85 porcento do Banco Kwanza Invest (ex-Banco Quantum), em Angola, uma participação que adquiriu a José Filomeno dos Santos, quando este foi nomeado presidente do Conselho de Administração do FSDEA pelo seu pai.
-0- PANA IZ 10abril2018
A ordem de congelamento foi dada pelo Supremo Tribunal das ilhas Maurícias contra 25 contas bancárias de Jean-Claude Bastos suspeitas de estarem associadas a um desvio de milhões de dólares americanos do Fundo Soberano de Angola (FSDEA).
O desvio em causa teria ocorrido durante a gestão de José Filomeno dos Santos "Zénu", filho do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos (1979-2017).
Segundo a fonte, a decisão de congelamento seguiu-se a um pedido da Comissão dos Serviços Financeiros (CSF), da Unidade de Informação Financeira (UIF) e do Ministério das Finanças das Maurícias, em colaboração com as autoridades angolanas.
O processo teria sido desencadeado em janeiro deste ano pela CSF, que regula o setor não bancário do país, na sequência das suspeitas expostas pelos Paradise Papers, num escândalo global de fuga a impostos por celebridades e proprietários de grandes fortunas.
No âmbito das averiguações, um representante do Governo angolano esteve este mês nas Maurícias, onde manteve um encontro com o primeiro-ministro Pravind Jugnauth, refere ainda a fonte, notando que o facto de a decisão do Supremo Tribunal maurício chegar dias depois sugere que os dois acontecimentos estejam ligados.
O Governo angolano já reconheceu ter intentado junto do tribunal competente de Londres "uma ação judicial de congelamento mundial dos ativos" contra as entidades envolvidas numa outra operação de transferência ilícita de 500 milhões de dólares americanos, que entretanto acabam de ser recuperados com a sua devolução ao Banco Nacional de Angola (BNA, central).
Jean-Claude Bastos de Morais é também apontando como tendo-se beneficiado igualmente dessa transferência suspeita de 500 milhões de dólares ordenada por José Eduardo dos Santos, pouco antes de deixar o poder, em outubro de 2017, e por iniciativa do seu filho Zénu.
O dinheiro agora congelado nas Maurícias está ligado a vários projetos da Quantum Global, empresa fundada e presidida por Jean-Claude Bastos de Morais e que já teria faturado milhões com dinheiros públicos angolanos, desviados por via do Fundo Soberano.
O esquema foi exposto em novembro do ano passado pelo jornal suíço Le Matin Dimanche, citando as revelações dos Paradise Papers.
Segundo tais revelações, Jean-Claude Bastos de Morais teria encaixado, num único ano (2014), cerca de 120 milhões de dólares americanos por alegada prestação de serviços de consultoria ao FSDEA.
A partir de 2015, o empresário passou a receber entre 60 e 70 milhões de dólares anuais pela gestão de sete fundos de investimento criados nas ilhas Maurícias pela sua empresa Quantum Global, com três biliões de dólares americanos do Fundo Soberano de Angola.
A estes ganhos diretos, decorrentes de honorários pagos pelo Fundo Soberano de Angola, Bastos de Morais junta dividendos de investimentos viabilizados pelo FSDEA, refere a fonte.
A título de exemplo, prossegue, o FSDEA financia em 180 milhões de dólares americanos o projeto de mais de 800 milhões de dólares americanos para construção de um porto, em Cabinda, no norte de Angola, cuja empresa concessionária (Caioporto SA) é detida maioritariamente por Jean-Claude Bastos de Morais.
Entre vários outros empreendimentos, o FSDEA também aprovou 157 milhões de dólares americanos para a edificação de uma torre futurista no centro de Luanda, num terreno que pertence a uma empresa de Bastos de Morais.
Bastos de Morais é ainda apontado como detentor de 85 porcento do Banco Kwanza Invest (ex-Banco Quantum), em Angola, uma participação que adquiriu a José Filomeno dos Santos, quando este foi nomeado presidente do Conselho de Administração do FSDEA pelo seu pai.
-0- PANA IZ 10abril2018