Marrocos e ONU cria escritório de combate ao terrorismo em África
Rabat, Marrocos (PANA) - Marrocos e a Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram, terça-feira, por videoconferência, um acordo de sede para a instalação no primeiro dum Escritório do Programa de Luta contra o Terrorismo e Formação em África (UNOCT, sigla em inglês).
Assinado pelo ministro marroquino dos Negócios Estrangeiro, Cooperação Africana e dos Marroquinos no Estrangeiro, Nasser Bourita, e pelo secretário-geral adjunto da ONU para a luta contra o terrorismo, Vladimir Voronkov, este acordo reflete a ambição de unirem esforços para enfrentarem desafios ligados à crescente ameaça terrorista em África nos últimos anos.
Este escritório, o primeiro do género em África, visa “reforçar a capacidade dos Estados membros na elaboração de programas nacionais de formação na luta contra o terrorismo”, indicou Bourita, quendo falava à margem da cerimónia de assinatura.
Afirmou que Marrocos se comprometeu a trabalhar em conjunto com esta nova estrutura, por forma a criar uma pasta dinâmica de formação avançada que evolua e se adapte à missão, em perpétua mudança e cada vez mais difícil, de prevenção, deteção e repressão das atividades terroristas.
Segundo Bourita, para se ter sucesso nesta aposta, “as nossas acções devem estar em perfeita sintonia com as necessidades dos Estados africanos, em complementaridade com várias iniciativas lançadas por estes Estados, desenvolvidas com o contributo dos Estados africanos e partilhadas entre parceiros numa abordagem cooperativa e solidária."
A criação do centro, fruto de um trabalho árduo que durou mais de nove meses, ocorre num momento em que África é vítima de um "recrudescimento alarmante” de atos terroristas em 2020, considerou o chefe da diplomacia marroquina.
Estes atos aumentaram 31 por cento desde 2011, atingindo quatro mil 100 ataques no primeiro semestre deste ano, enquanto o número de mortes por terrorismo saltou 26 por cento num ano, ou seja, 12 mil 507 contra nove mil 944 nos seis primeiros anos de 2019, referiu.
No Sahel, palco do surto de violência mais significativo, atos de Jama'at Nusrat al Islam wal Muslimin (JNIM) e Daesh (Estado Islâmico) multiplicaram-se por sete desde meados de 2017, indicou o ministro.
No Lago Tchad, o número de vítimas de ataques terroristas da seita islamitanigeriana Boko Haram e do Daesh quase se duplicou desde junho de 2017, passando de 506 para 964 vítimas, alertou o diplomata.
Estes dados, concluiu o ministro, sublinham que África precisa, mais do que nunca, de uma "ação imediata e determinada” para estabilizar o continente, consolidar a sua segurança e concentrar-se no desenvolvimento sustentável.
-0- PANA AT/IN/IS/MAR/DD 06outubro2020