Mali exige respeito pela sua plena soberania
Bamako, Mali (PANA) - O Mali permanece um país soberano e, como tal, exigé o respeito, num mundo que mudou, declarou sábado o primeiro-ministro maliano, Choguel Kokalla Maiga.
Maiga fez estes pronunciamentos em Kita, a 180 quilómetros a sudoeste de Bamako, por ocasião da abertura do Festival Pan-Africano do tecido de algodão, em reação a críticas feitas contra o seu país pelo Governo francês e pelo ministro nigerino dos Negócios Estrangeiros, Hassoumi Massaoudou.
O Governo francês, acrescentou, não se deve gabar ou chantagiar ao Mali por causa dos seus soldados mortos na crise prevalece te neste paí, pois, frisou, dirigentes malianos e africanos foram os primeiros a libertarem a França.
"É o tempo de a France compreender que os dirigentes atuais do Mali sabem o que é bom para o país e exigem que se respeite o Mali. É só a este preço que a cooperação pode prosseguir, preservando os interesses e respeitando a nossa plena e inteira soberania", indignou-se Maiga.
Ele reagia assim a uma declaração do ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean Yves Le Drian, que qualificou, há dias, as atuais autoridades da transição no Mali de "irresponsáveis e ilegítimas", devido a uma decisão das mesmas de pedir à Dinaemarca para retirar o seu contingente de 100 soldados da força europeia, Takuba, comandada pela França, no quadro da luta contra o terrorismo no Sahel.
Respondendo aa chefe da diplomacia nigerina, Hassoumi Massaoudou, que criticou a tomada do poder por militares no Mali, acusando-os de "patriostismo falso", Maiga disse-lhe para ter "um pouco de moderação e de reserva."
”Fomos surpreendidos por ouvir o minustro dos Negócios Estrangeiros do Níger dar uma conferência de imprensa como se ele fosse obrigado a insultar o nosso povo”, lamentou o chefe do Governo maliano.
Ele aludia a uma conferência de imprensa conjunta dada quinta-feira última por Hassoumi Massaoudou e Jean Yves Ledrian e durante a qual os dois falaram mal dos militares no poder no Mali.
"Como um representante de um Estado pode dar a um outro povo a etiqueta de patriotismo falso? Donde veio este homem?", interrogou-se o primeiro-ministro maliamo.
Fez no entanto questão de sublinhar que "a Republique irmã do Níger continua a ser uma República irmã."
"Isto tem que estar muito claro. O mesmo vale também para a França. Os dirigentes passam mas o povo fica. Ontem, houve dirigentes que apoiavam o Mali. Se, hoje, há dirigentes que decidem colocar-se ao serviço de uma agenda estrangeira, isto é o seu direito. Mas é preciso que nos respeitem", desabafou.
Finalmente, Maiga lançou um apelo à comunidade internacional, nomeadamente a França e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para respeitar o povo maliano, que, a seu ver, sabe de que necessita.
-0- PANA GT/IS/DD 30jan2022