Mali denuncia "violações repetitivas" do seu espaço aéreo pela França
Bamako, Mali (PANA) - O Governo maliano denuncia "violações repetitivas e constantes" do seu espaço aéreo pelas forças francesas, escreveu o seu ministro maliano dos Negócios Estrangeiros, Abdoulaye Diop.
Numa correspondência enviada a 15 de agosto corrente ao presidente do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas, Diop denunciou o sobrevoo do céu maliano, sem autorização, por drones, helicópteros militares e aviões de caça pertencentes às forças francesas.
O governante qualificou estes factos de "atos graves, suscetíveis de prejudicar a paz e segurança internacionais.”
As Nações Unidas são, por conseguinte, chamadas a fazer o seu possível para interpelarem a França a fim de que “cesse imediatamente os seus atos de agressão contra o Mali.”
Em caso de persistência nesta postura que prejudica a estabilidade e segurança do nosso país, lê-se na missiva, o Governo do Mali reserva-se o direito de utilizar a legítima defesa, em conformidade com o artigo 51 da Carta das Nações Unicas.
O governante maliano acrescentou que “estas violações flagrantes permitiram à França recolher informações a favor dos grupos terroristas que atuam no Sahel, a fim de lhes lançar armas e munições."
Abdoulaye Diop citou numerosas violações de que se tornaram culpadas tropas franceses que nunca se fartaram das regras definidas pelas autoridades malianas.
O Governo maliano afirma que estes atos da França "constituem uma agressão, que é definida, segundo a resolução 3.314 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 14 de dezembro de 1974, como sendo a utilização da força armada por um Estado contra a soberania, integridade ou independência política de outro ou de qualquer outra forma incompatível com a Carta das Nações Unidas.”
O Ministério maliano dos Negócios Estrangeiros deseja que estes elementos sejam levados à atenção dos membros do CS, com vista a uma reunião de emergência sobre o assunto.
Os últimos militares franceses de Barkhane (força francesa desdobrado no Mali) deixaram segunda-feira o mesmo país para o Níger, após nove anos passados neste país, sem conseguir circunscrever o terrorismo no Mali, antiga colónia francesa da África Ocidental.
-0- PANA GT/JSG/FK/DD 18agosto2022