PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Mais medo que mal para trabalhadores negros africanos em Tripoli
Tripoli, Líbia (PANA) - A situação dos cidadãos africanos negros na Líbia tornou-se tão preocupante que a União Africana (UA), pela voz do presidente da sua Comissão, Jean Ping, chamou a atenção do Conselho Nacional de Transição (CNT, no poder) para a "ameaça" que pesa sobre a vida desta categoria de imigrantes considerados, injustamente ou com razão, como mercenários do deposto regime de Muamar Kadafi.
Com efeito, durante a longa guerra que opôs as tropas de Kadafi aos insurgentes do CNT, informações divulgadas pela imprensa internacional apontavam para o uso, pelo campo de Muamar Kadafi, de mercenários provenientes de países da África ao sul do Sara, nomeadamente vizinhos da Líbia.
Estas informações foram recentemente confirmadas pela própria imprensa africana, quando deu conta de deslocações de combatentes touaregs malianos e nigerinos, idos da Líbia, com as suas armas e bagagens.
Entre tais relatos, falou-se nomeadamente da chegada ao Níger do chefe da brigada de segurança de Kadafi, Mansour Dhao, acompanhado de Agali Alambo, antigo chefe rebelde nigerino, e cerca de outras 10 pessoas.
Precisou-se ainda que, desde a queda de Tripoli e a fuga de Kadafi, há duas semans, centenas de mercenários touaregs já regressaram para o Níger.
As preocupações dos Estados africanos, quanto às supostas ameaças a que os trabalhadores imigrantes negros africanos estariam expostos na Líbia, estão a ser confortadas por reportagens de canais televisivos internacionais, mostrando famílias africanas detidas nas prisões pelos insurgentes do CNT.
A comunidade africana, sensibilizada pelo risco potencial para os Negros africanos na Líbia, entende que as novas autoridades deverão tratar este dossiê com uma atenção particular e fazer prova de discernimento entre a famosa mão-de-obra africana que contribui ao desenvolvimento nacional e os mercenários, para garantir a manutenção das relações de fraternidade e de boa vizinhança entre este país e as demais nações do continente.
Segundo estatísticas informais, a Líbia teria acolhido no seu solo cerca de três milhões de imigrantes ilegais, dos quais metade são Egípcios, 500 mil Sudaneses, 400 mil Nigerinos e 300 mil Tchadianos que trabalham no setor público, nomeadamente nas fábricas de transformação agrícola, nos armazéns da Sociedade Geral dos Produtos Alimentares e nas empresas de proteção do ambiente e higiene.
Outros, principalmente Nigerinos, Malianos, Tchadianos e Sudaneses, laboram no setor privado, nomeadamente nas fazendas agrícolas e pecuárias, ao passo que Ganenses, Nigerianos, Senegaleses e Burkinabes, entre outros, trabalham na área da construção, carpintaria e metalurgia.
Desde que a vida começou a retomar o seu curso normal, em Tripoli nomeadamente, a PANA já se encontrou com vários destes trabalhadores negros africanos que retomaram as suas atividades. Alguns deles estavam a bordo de um camião de lixo, no bairro Zaoueit Dahmani (Tripoli), na sua maioria ao serviço de empresas de proteção do ambiente e de higiene, as mais solicitadas neste momento de grandes limpezas na capital líbia.
Amadou Koné do Burkina Faso estava entre os integrantes do grupo. Este imigrante africano negro de 27 anos de idade, que trabalha na sua empresa há três anos, afirma que nunca foi objeto de nenhum tipo de ameaças, tal como o seu colega tchadiano Abdallah Ali Abdallah, de 40 anos de idade, com quem trabalha na mesma companhia desde o seu regresso à Líbia.
Abdallah Abdallah conta que, depois de deixar a Líbia em 2000, as difíceis condições de vida e o desemprego no seu país o obrigaram a retornar para Tripoli onde o seu salário (750 dólares por mês) foi mais forte do que o nacionalismo.
Por sua vez, o Nigerino Adam Issa, 21 anos, chegado a Tripoli há dois anos proveniente da sua cidade natal de Zinder (cerca de 800 km ao norte da capital nigerina, Niamey), no termo de 35 dias de viagem pelo deserto do Sara, está mais preocupado com a dificuldade com que está confrontado para transferir dinheiro para a sua família, devido ao fecho dos escritórios da Western Union e da MoneyGram durante a crise, estando assim à mercê das redes clandestinas de transferência geralmente fraudulentas.
Daí que muitos observadores não hesitem em identificar algum exagero nos crescentes temores em torno daquilo que alguns já consideram "massacre" ou ameaça potencial de massacre de imigrantes africanos negros, e inocentes, que estariam a ser confundidos por mercenários a soldo de Muamar Kadafi.
Para estes observadores, mesmo sem descurar a possibilidade da ocorrência de exações ou violentações injustas contra imigrantes inocentes, também seria um excesso de ingenuidade tentar crer ou procurar convencer os Líbios e o mundo que nunca houve mercenários.
-0- PANA HMM/BY/SSB/IBA/CJB/IZ 08set2011
Com efeito, durante a longa guerra que opôs as tropas de Kadafi aos insurgentes do CNT, informações divulgadas pela imprensa internacional apontavam para o uso, pelo campo de Muamar Kadafi, de mercenários provenientes de países da África ao sul do Sara, nomeadamente vizinhos da Líbia.
Estas informações foram recentemente confirmadas pela própria imprensa africana, quando deu conta de deslocações de combatentes touaregs malianos e nigerinos, idos da Líbia, com as suas armas e bagagens.
Entre tais relatos, falou-se nomeadamente da chegada ao Níger do chefe da brigada de segurança de Kadafi, Mansour Dhao, acompanhado de Agali Alambo, antigo chefe rebelde nigerino, e cerca de outras 10 pessoas.
Precisou-se ainda que, desde a queda de Tripoli e a fuga de Kadafi, há duas semans, centenas de mercenários touaregs já regressaram para o Níger.
As preocupações dos Estados africanos, quanto às supostas ameaças a que os trabalhadores imigrantes negros africanos estariam expostos na Líbia, estão a ser confortadas por reportagens de canais televisivos internacionais, mostrando famílias africanas detidas nas prisões pelos insurgentes do CNT.
A comunidade africana, sensibilizada pelo risco potencial para os Negros africanos na Líbia, entende que as novas autoridades deverão tratar este dossiê com uma atenção particular e fazer prova de discernimento entre a famosa mão-de-obra africana que contribui ao desenvolvimento nacional e os mercenários, para garantir a manutenção das relações de fraternidade e de boa vizinhança entre este país e as demais nações do continente.
Segundo estatísticas informais, a Líbia teria acolhido no seu solo cerca de três milhões de imigrantes ilegais, dos quais metade são Egípcios, 500 mil Sudaneses, 400 mil Nigerinos e 300 mil Tchadianos que trabalham no setor público, nomeadamente nas fábricas de transformação agrícola, nos armazéns da Sociedade Geral dos Produtos Alimentares e nas empresas de proteção do ambiente e higiene.
Outros, principalmente Nigerinos, Malianos, Tchadianos e Sudaneses, laboram no setor privado, nomeadamente nas fazendas agrícolas e pecuárias, ao passo que Ganenses, Nigerianos, Senegaleses e Burkinabes, entre outros, trabalham na área da construção, carpintaria e metalurgia.
Desde que a vida começou a retomar o seu curso normal, em Tripoli nomeadamente, a PANA já se encontrou com vários destes trabalhadores negros africanos que retomaram as suas atividades. Alguns deles estavam a bordo de um camião de lixo, no bairro Zaoueit Dahmani (Tripoli), na sua maioria ao serviço de empresas de proteção do ambiente e de higiene, as mais solicitadas neste momento de grandes limpezas na capital líbia.
Amadou Koné do Burkina Faso estava entre os integrantes do grupo. Este imigrante africano negro de 27 anos de idade, que trabalha na sua empresa há três anos, afirma que nunca foi objeto de nenhum tipo de ameaças, tal como o seu colega tchadiano Abdallah Ali Abdallah, de 40 anos de idade, com quem trabalha na mesma companhia desde o seu regresso à Líbia.
Abdallah Abdallah conta que, depois de deixar a Líbia em 2000, as difíceis condições de vida e o desemprego no seu país o obrigaram a retornar para Tripoli onde o seu salário (750 dólares por mês) foi mais forte do que o nacionalismo.
Por sua vez, o Nigerino Adam Issa, 21 anos, chegado a Tripoli há dois anos proveniente da sua cidade natal de Zinder (cerca de 800 km ao norte da capital nigerina, Niamey), no termo de 35 dias de viagem pelo deserto do Sara, está mais preocupado com a dificuldade com que está confrontado para transferir dinheiro para a sua família, devido ao fecho dos escritórios da Western Union e da MoneyGram durante a crise, estando assim à mercê das redes clandestinas de transferência geralmente fraudulentas.
Daí que muitos observadores não hesitem em identificar algum exagero nos crescentes temores em torno daquilo que alguns já consideram "massacre" ou ameaça potencial de massacre de imigrantes africanos negros, e inocentes, que estariam a ser confundidos por mercenários a soldo de Muamar Kadafi.
Para estes observadores, mesmo sem descurar a possibilidade da ocorrência de exações ou violentações injustas contra imigrantes inocentes, também seria um excesso de ingenuidade tentar crer ou procurar convencer os Líbios e o mundo que nunca houve mercenários.
-0- PANA HMM/BY/SSB/IBA/CJB/IZ 08set2011