Mais de metade de cidadãos da Guiné-Bissau sem documentos em Cabo Verde, diz diplomata
Praia, Cabo Verde (PANA) - Mais da metade dos perto de 10.000 Guineenses que vivem e trabalham no arquipélago, estão em situação irregular ou sem documentos, apesar das tentativas feitas pelas autoridades cabo-verdianas para a sua legalização, apurou a PANA na capital cabo-verdiana.
Em declarações a jornalistas após ter sido recebido em audiência quarta-feira pelo Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o embaixador da Guiné-Bissau, NM´Bala Fernandes, disse, quarta-feira, na cidade da Praia, admitir ser necessário ver o que foi que falhou nos anteriores processos ocorridos em 2011, só para Guineenses, e 2015, para imigrantes em geral, “antes de avançar para uma próxima legalização, caso o Governo cabo-verdiano entenda que deve ser feito."
Contudo, o diplomata reconheceu que o Governo guineense tem de trabalhar para emitir passaportes destes imigrantes a tempo, contando ainda com a disponibilidade dos Guineenses para o processo de legalização.
"Espero que possamos ultrapassar várias questões para podermos ter uma integração inclusiva e programada das nossas comunidades aqui. Embora, continuo o dizer, não tenha documentação, mas sentem-se socialmente integrados em Cabo Verde. Não temos os problemas que as outras comunidades têm, nem de criminalidade nem de outras variáveis que possam estar a levar-nos à exclusão", afirmou.
M´Bala Fernandes, que está em fim de missão em Cabo Verde, disse ter aproveitado a reunião com o chefe do Estado cabo-verdiano para "falar da preocupação" da comunidade guineense e das perspetivas criadas pelo novo Ministério cabo-verdiano da Inclusão Social, no novo Governo empossado após as eleições legislativas de 18 de abril último.
Pediu que fosse mantida a atenção à "inclusão de todos" os trabalhadores imigrantes no arquipélago.
"Pedimos ao senhor Presidente da República que continue a fazer a sua magistratura de influência junto do Governo, que tem feito um bom trabalho, neste momento da pandemia, não excluindo os Guineenses", disse ainda.
O chefe da missão diplomática da Guiné-Bissau na capital cabo-verdiana revelou também que a visita do Presidente Sissoco Embaló ao arquipélago já está a ser preparada.
M'Bala Fernandes perspetivou que essa deslocação, que acontece após a visita que Jorge Carlos Fonseca à Guiné-Bissau em janeiro último, a primeira de um chefe do Estado cabo-verdiano, acontecerá até setembro próximo.
, face à realização de eleições presidenciais em Cabo Verde em 17 de outubro, às quais já não concorre o atual Presidente, que cumpre o segundo e último mandato, sendo ainda condicionada pela realização da cimeira de Luanda da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Estamos a tentar ver o que é possível, face às agendas dos dois Presidentes", disse o embaixador, sem concretizar datas para a visita de Umaro Sissoco Embaló a Cabo Verde, mas prometendo que será uma realidade.
"A visita vai acontecer, mas o mais importante é a nossa concertação política ao nível de CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), principalmente nesta contenda, agora, do Mali", disse.
O embaixador M´Bala Fernandes revelou ainda ter transmitido uma mensagem do Presidente guineense, atinentes às recentes eleições legislativas em Cabo Verde e à "concertação política" no plano internacional assumida pelos dois países.
-0- PANA CS/DD 03junho2021