Agência Panafricana de Notícias

Mais de 150 pessoas mortas na Guiné-Conakry

Conakry- Guiné-Conakry (PANA) -- Mais de 150 pessoas morreram e cerca de mil e 200 outras ficaram feridas após a repressão dos militares contra a multidão agrupada no estádio 28 de Setembro, segunda-feira em Conakry, informou terça-feira a Organização Guineense dos Direitos Humanos (OGDD).
Segundo a OGDD, vários jornalistas figuram entre os feridos e foram estorquidos do seu material de trabalho e bens (telefones móveis e dinheiro).
Várias mulheres declararam em rádios privadas da capital terem sido violadas e torturadas pelos militares e algumas delas regressaram nuas às suas casas, o que foi confirmado pela secção guineense do Encontro Africano dos Direitos Humanos (RADDHO).
As organizações dos direitos humanos indicaram que corpos teriam sido retirados à noite de alguns hospitais e enterrados pelos militares.
Estes eventos ocorreram segunda-feira no estádio 28 de Setembro quando militares dispararam balas reais contra milhares de pessoas reunidas ao apelo do Fórum das Forças Vivas do país para protestar contra a provável candidatura às eleições presidenciais do chefe da Junta guineense, o capitão Moussa Dadis Camara.
A tensão permanecia alta terça-feira no subúrbio onde as populações continuavam a exprimir a sua desaprovação face à repressão dos militares que pilham sistematicamente casas e lojas.
Tiros esporádicos são igualmente ouvidos.
Por outro lado, os antigos primeiros-ministros François Ousseynou Fall e Sidya Touré, ligeiramente feridos, regressaram às suas casas que foram pilhadas segunda-feira à noite por militares segundo testemunhas.
Cellou Dalein Diallo, por seu turno, está a receber cuidados intensivos numa clínica da capital depois de ter tido cinco costoletas partidas na sequência do ataque dos militares.
Face à desaprovação geral, o Conselho Nacional para a Defesa e Desenvolvimento (CNDD) e o Governo guineense exprimiram, num comunicado publicado terça-feira, a sua compaixão às famílias das vítimas.
No comunicado, eles referem-se a 53 mortos por "asfixia" e quatro a tiro.
O CNDD e o Governo guineense "comprometem-se a elucidar os eventos cujos autores serão trazidos diante das jurisdições competentes".