Maioria de empresas cabo-verdianas regista queda de volume de negócios, devido à covid-19, diz INE
Praia, Cabo Verde (PANA) – A pandemia da covid-19 já causou uma diminuição do volume de negócios a 83 por cento das empresas cabo-verdianas, segundo resultados de um inquérito do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
O relatório sobre as consequências da pandemia, apuradas pelo inquérito junto das empresas cabo-verdianas, referentes, no segundo trimestre deste ano, dá conta que o turismo e o comércio foram os setores mais afetados pela crise.
Segundo o relatório, as restrições "no âmbito do estado de emergência e as dificuldades na entrega/encomendas foram apontadas como as principais causas do forte impacto no volume de negócios", com destaque para os setores do comércio (33,3 por cento), da indústria e da energia (21,7 por cento).
As empresas inquiridas pelo INE revelaram igualmente que a pandemia teve impacto na redução do número de pessoal ao seu serviço, e que os setores do turismo e do comércio foram os mais afetados.
Já no que respeita ao lay-off, esta medida foi apontada pelas empresas como sendo uma das medidas muito relevantes do Governo, enquanto, no que se refere às moratórias, o inquérito apurou que este instrumento foi pouco usado pelas empresas.
Conforme os dados revelados esta quinta-feira pelo INE, apenas um pouco mais de um terço das empresas garantiu ter beneficiado de moratórias no cumprimento do serviço da dívida.
No entanto, este é um cenário que pode vir a mudar uma vez que quase 60 por cento asseguraram planear beneficiar desta medida do Governo e das instituições financeiras.
No documento, lê-se igualmente que a maioria das empresas não fez qualquer investimento no período de abril a julho deste ano.
No entanto, cerca de 25 por cento das empresas inquiridas tiveram algum investimento em curso.
Destas, cerca de 30 por cento tencionam reduzir o ritmo dos investimentos devido à pandemia da covid-19, com realce para os setores do comércio, da indústria e da energia, aponta o INE.
Ainda assim, 44 por cento das empresas entrevistadas afirmaram ter projetos de investimentos em carteira mas, destas, 34,8 por cento pretendem ajustá-los ou mudá-los, devido à pandemia da covid-19.
Quanto ao retomar da economia, a maioria das empresas (60,1 por cento) acredita que vai acontecer em 2021, 34 por cento em 2022 e seis por cento acredita que a retoma ainda se vai dar este ano.
Enquanto isso, o relatório sobre as Contas Nacionais Trimestrais, divulgado também pelo INE, revela que, de 01 de abril a 30 de junho deste ano, o Produto Interno Brutio (PIB) de Cabo Verde teve uma quebra de 31,7 por cento quando comparado com o reflexo do impacto da pandemia da covid-19, justifica o INE.
"Este resultado é explicado em larga medida pela queda acentuada das exportações, do consumo privado e do investimento. Do lado da oferta, o Valor Acrescentado Bruto (VAB), a preços de base, apresentou uma evolução homóloga negativa de 29,8 por cento, destacando-se, para o efeito, atividades dos transportes, o alojamento e ra estauração", refere o INE.
Já, no tocante à coleta de impostos líquidos, o documento indica uma quebra na ordem dos 43,1 por cento em relação ao mesmo período do ano transato.
Segundo a mesma fonte, o consumo privado diminui 14,3 por cento, em termos reais, no 2.º trimestre de 2020, o que traduziu num decréscimo face à variação positiva de 4,1 por cento, registada no trimestre anterior.
Em sentido contrário, esteve o Consumo Público que, conforme o relatório, apresentou uma taxa de variação homóloga positiva de 9,0 por cento, em volume.
Em queda esteve também o investimento.
As Contas Nacionais Trimestrais apontam para um abrandamento do investimento na ordem dos 27,4 por cento, em volume, no 2.º trimestre de 2020.
O relatório destaca que, no segundo trimestre deste ano, se registaram quebras de 76,3 por cento nas exportações e descidas nas importações, na ordem dos 35,8 por cento.
-0- PANA CS/DD 09out2020