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Maior festival de música de Cabo Verde homenageia Cesária Évora

Praia, Cabo Verde (PANA) – O 28º Festival de Música da Baía das Gatas, o maior certame musical de Cabo Verde, que arrancou na noite sexta-feira, na ilha cabo-verdiana de São Vicente, vai homenagear a cantora cabo-verdiana Cesária Évora, falecida em dezembro do ano passado, apurou a PANA de fonte da organização do evento.

Ao longo dos três dias do festival, aquela que é considerada como o expoente máximo da música cabo-verdiana, vai ser recordada das mais diversas formas, por um leque de artistas que estiveram ligados de um forma ou outra à excecional carreira musical daquela que também ficou conhecida a nível internacional como a “Diva dos pés descalços”.

Com um cartaz constituído maioritariamente por bandas e artistas cabo-verdianos, residentes e na diáspora, o festival deste ano propõe um regresso às origens, recordando a primeira edição do certame, realizada no ano de 1984, na qual atuou Cesária Évora.

Um dos momentos mais aguardados do festival é a atuação, na noite deste sábado, de um coletivo de artistas, o qual inclui nomes como Tito Paris, Nancy Vieira, Sara Tavares, Albertino Évora e Bonga, e que vai interpretar os maiores êxitos que a falecida cantora levou a diversos palcos internacionais ao longo da sua carreira.

Ao dar as boas-vindas sexta-feira aos artistas convidados, Augusto Neves, presidente da Câmara Municipal de São Vicente, entidade que organiza o evento, disse esperar que este seja “um festival à altura da nobreza da Cesária Évora”.

A cantora, que nasceu em 1941, começou muito jovem a cantar em bares e hotéis, mas a independência de Cabo Verde, em 1975, coincidiu com o início de um "período negro" da cantora que deixou então de cantar.

Em 1985 a convite do também conhecido cantor cabo-verdiano Bana, proprietário de um restaurante e uma discoteca com música ao vivo em Lisboa, a “Cise”, nome por que era também conhecida entre os amigos e admiradores, vai a Lisboa e grava um disco que passou despercebido à crítica.

Da capital portuguesa seguiu para Paris onde é "descoberta" pelo empresário cabo-verdiano José da Silva.

Daí, como aconteceu com outros cantores, ela partiu para os palcos do mundo, com a gravação, em 1988, do álbum "La diva aux pied nus", aclamado pela crítica.

Em 1992, Cesária Évora gravou "Miss Perfumado" e, já aos 47 anos de idade, torna-se numa "estrela" internacional no mundo da world music, fazendo parcerias com importantes músicos e pisando os mais prestigiados palcos.

Em 2004, recebeu um Grammy para o Melhor Álbum, de world music contemporânea pelo disco "Voz d'Amor". Cise não pára e continua em sucessivas digressões, regressando de quando em vez à sua terra natal.

A cantora começa a enfrentar vários problemas de saúde e alguns "sustos", como afirmava, mas regressava sempre aos palcos e aos estúdios com alegria.

Em 2009, o Presidente francês Nicolas Sarkozy entrega-lhe a medalha da Legião de Honra, depois de uma intervenção cirúrgica que a levou a temer pela vida.

Cesária voltou aos estúdios e anunciou não só uma digressão como a gravação de um novo disco que deveria sair este ano.

Mais tarde, numa entrevista ao jornal francês "Le Monde", a cantora afirma ter de terminar a carreira por conselho médico, no mesmo dia em que ela é internada no hospital parisiense de Pitie-Salpetriere, por ter sofrido "mais um acidente vascular cerebral (AVC)".

Aos 70 anos, completados a 27 de agosto, morreu no Hospital Baptista de Sousa, na sua cidade natal do Mindelo, para onde tinha regressado depois de deixar a unidade hospitalar da capital francesa.

Ao longo da carreira, para além das inúmeras digressões e atuações em televisões, gravou 24 álbuns, um DVD, "Live in Paris", e registou dezenas de colaborações em discos.

-0- PANA CS/IZ 18ago2012