Agência Panafricana de Notícias

MP investiga sobre gestão da companhia aérea cabo-verdiana TACV

Praia, Cabo Verde (PANA) – O Ministério Público (MP) de Cabo Verde recomendou quarta-feira a instrução com vista a apurar factos relacionados com a gestão da transportadora aérea cabo-verdiana (TACV), onde se suspeita práticas ilícitas, apurou a PANA, na cidade da Praia, de fonte segura.

De acordo com comunicado publicado na sua página oficial, o MP esclarece que a sua decisão foi tomada “face às notícias sobre alegados crimes ligados à gestão da TACV, à participação apresentada e na sequência da análise de documentos e elementos entretanto recolhidos”.

De acordo com o documento, estão em causa “suspeitas da prática de factos ilícitos e penais de infidelidade e participação ilícita em negócios”.

A investigação, diz a nota, deve ser dirigida por uma equipa de magistrados e o MP será “coadjuvado pela Policia Judiciária em regime de afetação específica de investigadores e por peritos que se mostrarem necessários.

Segundo a edição online do jornal cabo-verdiano “A Nação”, o MP vai analisar a venda do Boeing (B737-800) e do cessão de dois ATR (aviões de transporte regional) a Elix Assets 7 Limited, transportadora sediada e em Dublin, na Irlanda, negociadas pelo então presidente do Conselho de Administração da TACV, João Pereira Silva, com o aval da ministra das Finanças, Cristina Duarte.

Segundo o periódico, esta operação efetuada pela anterior direção da companhia está a preocupar o atual Governo do primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva que, a 08 de junho último, através do Ministério das Finanças, endereçou uma carta/denúncia ao MP, reportando um conjunto de fatos relacionados com a gestão da TACV e que configuram eventuais atos ilícitos criminais.

Uma fonte próxima do Ministério das Finanças, citado pelo A Nação, considera que "há fortes indícios” de ter havido um jogo de comissões na venda e na cessão dessas aeronaves.

“Mas o que intriga o Governo é o facto de os dois ATR estarem, na altura da sua cessão, 77 porcento pagos e terem passado, em menos de dois anos, a ser propriedade da TACV”, precisa a fonte.

“Vendê-los e depois alugar aparelhos muito mais velhos” e com “avultados custos operacionais", na ótica do Governo, indicia também “gestão danosa”, refere a fonte próxima do Ministério da Finanças.

Da mesma fonte, o facto de a cessão mensal dos dois ATR ser “duas vezes superior” ao mercado, leva também o Governo a suspeitar que tenha havido luvas no negócio, tendo em conta os “prejuízos” que a nova cessão acarretaram para a TACV.

O Governo garante que os negócios da TACV serão passados a pente fino por considerar que só questões ligadas a “luvas e comissões” podem ter estado por trás dessas movimentações de compra e venda de aviões durante a gestão de João Pereira Silva.

O Governo baseia-se no facto de o presidente do Conselho de Administração que o antecedeu, António Neves, lhe ter deixado uma frota de dois Boeings e três ATR.

-0- PANA CS/DD 20julho2017