Líderes da CEDEAO reunidos no Gana sobre crise no Mali
Acra, Gana (PANA) - Vários líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) chegaram ao Gana para uma reunião consultiva de 24 horas dedicada à crise no Mali.
A televisão ganense, Ghana Broadcasting Corporation (GBC) Television, anunciou que os Presidentes do Togo, da Guiné Conakry, do Níger, do Burkina Faso, da Côte d'Ivoire e o vice-presidente da Nigéria chegaram ao Gana para esta reunião.
Uma delegação da Junta militar do Mali, o Comité Nacional de Salvação do Povo (CNSP), chefiada pelo seu líder, coronel Assimi Goita, chegou a Accra segunda-feira.
O ministro de Informação do Gana, Kojo Oppong Nkrumah, disse domingo que a reunião de Accra faz parte dos esforços para encontrar uma solução para a crise política no Mali.
Os líderes da CEDEAO, durante a reunião da semana passada em Niamey (Níger), propuseram ao CNSP, que destituiu o Presidente Ibrahim Boubacar Keita, a 18 de agosto, uma transição de 12 meses.
O CNSP, por sua vez, completou três dias de consultas nacionais sobre a transição no sábado com a adoção de uma Carta de Transição e um roteiro sob o qual Mali terá um Governo de transição de 18 meses.
Os 500 participantes recomendaram que o presidente do Governo de transição possa um civil ou militar.
O Governo de transição terá um Vice-Presidente, um máximo de 25 ministros, um conselho que funcionará como um órgão legislativo composto por 121 membros divididos entre as forças de defesa e segurança e todos os setores do país.
No entanto, o principal movimento da oposição, cujos persistentes protestos contra o Presidente Keita motivaram o golpe, dissociou-se da Carta de Transição Final com o fundamento de que as conclusões não refletem as decisões do povo.
O Movimento de 5 de junho – Reagrupamento das Forças Patrióticas (M5-RFP) acredita que o documento final produzido no termo do encontro não reconhece plenamente o seu papel e o dos mártires na luta pela mudança.
A Carta não leva também em consideração o ponto de vista da maioria que deseja que a transição seja presidida por um civil, bem como a escolha de um primeiro-ministro civil.
Numa nota divulgada no sábado, o M5-RFP condenou a inclusão de pontos na Carta "que nunca foram debatidos", e condenou a decisão unilateral que inclui vários pontos do documento que não foram discutidos, denunciando supostas intimidações, e "práticas antidemocráticas e injustas de outra época que estiveram na origem da luta pela mudança.
“A vontade de tomar e confiscar o poder em benefício do CNSP) não pode justificar os métodos utilizados, que fragilizam o processo de transição ", indicou a declaração.
-0- PANA MA/NFB/JSG/MAR/IZ 15set2020