Agência Panafricana de Notícias

Líder parlamentar desiste da corrida presidencial em São Tomé e Príncipe

São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - Delfim Neves, presidente da Assembleia Nacional (Parlamento) e candidato derrotado nas eleições presidenciais de 18 de julho último, afastou-se da corrida eleitoral, para permitir a realização da segunda volta entre Carlos Vila Nova e Pósser da Costa.

Delfim Neves disse todavia que continua inconformado com os resultados provisórios da Comissão Eleitoral Nacional (CEN) que o colocam na terceira posição da primeira volta do escrutínio.

“Para nós, este ato eleitoral está ferido de vício, está ferido de muita ilegalidade e deve ser anulado (...). Que fique bem claro aos outros candidatos que Delfim Neves já não é candidato, nestas eleições, enquanto as coisas não forem esclarecidas”, disse.

O candidato derrotado falava para perto de dois mil militantes do seu partido PCD (Partido da Convergência Democrática) e outros apoiantes reunidos no anfiteatro do Palácio dos Congressos, esta segunda-feira (02.08).

O posicionamento de Delfim Neves aconteceu horas antes de o Tribunal Constitucional (TC) divulgar o acórdão que rejeitou a recontagem geral dos votos, na sequência de um recurso interposto pelo seu mandatário, Hamilton Vaz.

A falta de consenso sobre a matéria remeteu o Tribunal Constitucional numa crise pós-eleitoral devido a dois acórdãos contraditórios sobre um mesmo recurso.

Na altura, uma maioria de três juízes do TC chumbou o recurso sobre a recontagem geral dois votos e dois colegas seus autorizaram a nova contagem.

“Este conflito não vai ficar por aí. No futuro próximo, vamos ter vários problemas nas eleições, se não se aproveitar agora para clarificar, vai ser um pandemónio", asseverou Neves, também conhecido localmente como “Obama”.

Para ele, muitos são-tomenses querem saber a verdade, "mas alguns de nós, sobretudo da esfera do poder, temos que dizer isso de forma clara e séria que querem adiar o conflito”.

“A luta vem aí, a guerra vem, depois vão aperceber-se que nós tínhamos razão, o que nós queremos é a paz", afirmou o líder parlamentar, referindo-se às negociações fracassadas com o MLSTP, partido no poder, sobre a recontagem geral dos votos.

Em relação à segunda volta, Neves pediu aos seus apoiantes e militantes para não votarem, enquanto “não houver recontagem dos votos”.

-0- PANA RMG/IZ 03ago2021