Líder da oposição angolana insta apoiantes a cessar arruaças e insultos
Luanda, Angola (PANA) – O líder da oposição angolana, Isaías Samakuva, convidou quarta-feira os seus apoiantes a parar imediatamente com o discurso agressivo, o insulto e a arruaça, para construir a unidade interna do seu partido.
O apelo do líder da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) consta de uma declaração assinada por ocasião do 46.º aniversário da Independência nacional, comemorado esta quinta-feira, 11.
Ele reafirmou que, apesar da sua discordância, a UNITA deve acatar a decisão do Tribunal Constitucional (TC) que anulou o seu último congresso e destituiu o presidente nele eleito.
Argumentou que, no Estado democrático de direito, as decisões dos tribunais são de cumprimento obrigatório.
“Não concordamos com a decisão, é verdade. Mas temos de cumprí-la. É uma decisão política, é verdade, mas temos de acatá-la”, disse, denunciando o que ele chamou de “captura” das instituições do Estado.
No seu entender, as instituições do Estado foram capturadas para “cumprir fins político-partidários”, desde a Presidência da República ao Parlamento, passando pelos tribunais e pela Procuradoria-Geral.
“Todo o Estado foi capturado. A nossa luta, democrática e pacífica, é resgatar o Estado. O nosso desafio é fazer isso a partir de dentro do próprio Estado capturado”, orientou.
Samakuva lembrou, contudo, que, respeitando escrupulosamente os seus estatutos, a direção da UNITA concluiu que as deliberações dos seus órgãos superiores são para serem cumpridas e dizem respeito apenas aos seus membros, “não sendo por isso toleradas interferências de quaisquer outras instituições” externas.
Neste contexto, disse ser necessária “muita inteligência, serenidade e unidade”, porque “não podemos vencer este desafio com arruaças, insultos e ânimos exaltados, muito menos com visão curta, com mensagens agressivas nas redes sociais, culpando-nos uns aos outros”.
Considerou a decisão do TC, contida no Acórdão 700/2021, “uma armadilha política, uma mina, que os outros querem que rebente debaixo dos nossos pés”.
Por isso, advertiu, “temos de ter muito discernimento”.
Segundo ele, parece estar na moda, nas mensagens que circulam nas redes sociais, o discurso da agressividade, os insultos e os disparates “que só alimentam a intolerância e nada dignificam o nosso partido”.
“É preciso parar (com) estas práticas. Apelo a todos que parem imediatamente com estas práticas. Na UNITA, há democracia, e democracia significa tolerância, ouvir o outro, mesmo que tenha opinião diferente.
“Não se chamam nomes às pessoas que pensam diferente de nós. Na UNITA respeitamos os líderes, mas não seguimos pessoas, seguimos a causa. (...) não há savimbistas, nem samakuvistas, nem adalbertistas. Há cidadãos, que se respeitam uns aos outros”, rematou.
-0- PANA IZ 11nov2021