Agência Panafricana de Notícias

Líbios celebram aniversário de morte de Kadafi

Tripoli, Líbia (PANA) - Os Líbios celebraram sábado o primeiro aniversário do assassinato do seu antigo líder, Muamar Kadafi, agradecendo a Deus por ter posto termo à ditadura que mergulhou o país numa situação de Estado sem direitos durante 40 anos duramente sentidos pelos seus compatriotas.

Foi a 20 de outubro de 2011 que rebeldes líbios capturaram e mataram Kadafi num dos bairros de Sirtes, a sua cidade natal a cerca de 450 quilómetros de Tripoli, antes de expor o seu corpo em Misrata, a 200 quilómetros a leste da capital, que é a cidade que sofreu mais dos atos das forças do ditador líbio, que a cercaram sem conseguir tomá-la das mãos dos rebeldes.

Nesta dia, os Líbios trocaram através dos seus telefones móveis e das redes sociais as imagens que mostraram Kadafi ensanguentado e cercado por rebeldes.

Contudo, a maioria dos Líbios duvidavam ainda pensando que se tratava de imagens fabricadas, mas outros filmes seguir-se-ão para mostrar o cádaver de Kadafi transportado inerte por um veículo e depois por uma ambulância.

Mas, os Líbios apenas saíram à rua para manifestar a sua alegria quando foi anunciada oficialmente a morte de Kadafi.

Enquanto a Líbia celebra o primeiro aniversário da morte de Kadafi, o Congresso Nacional Geral, a mais alta autoridade do país, faz face a desafios importantes e complexos dos quais o relativo à formação dum Governo transitório para a gerir durante 18 meses.

Este Governo deverá estabelecer um Estado moderno e eelaborar uma Constituição, a primeira no país há décadas, a submeter aos Líbios sob forma de referendo.

O Congresso rejeitou dois Governos de respetivamente 26 e 10 membros que lhe tinha propostos pelo primeiro-ministro, Moustapha Abou Chagour, o que instalou o país num vazio político.

Contudo, os 200 membros do Congresso conseguiram na semana passada um consenso designando Ali Zeydan, um dos mais rude opositores de Kadafi, como primeiro-ministro para formar um novo Governo.

Entre os dossiês que complicaram mais a missão do Congresso e do primeiro Governo de transição figuram a insegurança, a integração dos rebeldes, a recuperação de milhões de armas em circulação no país e a visão sobre a reconstrução da Líbia para um desenvolvimento harmonioso, sem esquecer a resolução do problema de Beni Walid, a cerca de 180 quilómetros a sul de Tripoli, cidade que acolheu apoiantes do antigo regime.

Segundo Bel Kassim (55 anos), professor francês na Universidade de Tripoli, "o fim da ditadura coloca aos Líbios vários outros desafios que consistem em traduzir em factos a sua vontade de reconstruir a Líbia e assegurar o desenvolvimento, a justiça, as liberdades, a boa governação, a reconciliação nacional numa palavra realizar os objetivos atribuídos à revolução".

Por seu turno, um piloto da companhia líbia de transporte aéreo, Al-Margouni Al-Angoundi, considerou que "a morte de Kadafi poupou ao país uma longa guerra civil que iria mergulhar toda a região na anarquia".

Apesar da importância dos desafios, os Líbios permecem otimistas quanto ao futuro do seu país, sabendo que livre da ditadura a Líbia pode ser um país promissor com as suas riquezas como o petróleo, o gás e a sua posição estratégica no norte do continente.

-0- PANA AD/IN/JSG/MAR/TON 21out2012