Líbia deplora suportar sozinha fardo da emigração clandestina
Trípoli, Líbia (PANA) - O ministro líbio do Interior, Fathi Bachagha, insurgiu-se contra o facto de a luta contra o fenómeno da emigração clandestina se ter tornado num “fardo” que a Líbia "suporta sozinha", na ausência do apoio das outros países.
As Nações Unidas cessaram de assistir o repatriamento dos migrantes clandestinos para os seus países, deplorou Bachagha durante uma reunião, em Trípoli, com uma delegação do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Ele sublinhou que a Líbia está a tratar o fenómeno das migrações "de um ponto de vista humanitário”.
As autoridades líbias do Governo de União Nacional colaboraram para a execução de um programa do ACNUR que consiste no repatriamento voluntário dos migrantes presos na Líbia, na sua rota para a Europa, a partir do Mediterrâneo.
Iniciado em 2017, este programa permitiu, até 2018, repatriar mais de 30 mil migrantes clandestinos para os seus respetivos países, segundo estatísticas do ACNUR.
O ministro do Interior, Fathi Bachagha, afirmou, durante uma reunião com o alto comissário adjunto das Nações Unidas para os Refugiados, Kelly Clements, que este fenómeno da emigração clandestina é tratado na Líbia numa perspertiva humanitária.
"É um fardo enorme pelo qual os outros países deverão cooperar connosco para atenuar estes sofrimentos”, indica um comunicado publicado quarta-feira pelo Escritório de Informação do Ministério.
Ele insistiu na necessidade de "não sobrecarregar a Líbia neste sentido, visto que ela está a atravessar circunstâncias que ninguém ignora, no entanto, estamos a cooperar com as organizações internacionais competentes para encontrar soluções para este problema”.
Durante a sua reunião com Bachagha, o alto comissário adjunto das Nações Unidas para os Refugiados exprimiu “ a alegria da sua presença na Líbia e agradeceu ao ministro pelos esforços envidados pelo Ministério do Interior para assistir e ajudar os refugiados alojados”, indica o comunicado.
Lembre-se o que o ministro Fathi Bachagha anunciou, em finais de julho último, o encerramento dos principais centros de alojamento para migrantes clandestinos, nas províncias do oeste, do centro e em Trípoli, devido aos sofrimentos encontrados pelos migrantes e aos rsicos que eles correm.
A 2 de julho último, um ataque aéreo afetou um centro de alojamento para migrantes clandestinos, em Tajoura, nos arredores leste de Trípoli, matando 53 pessoas e ferindo 130 outras.
Cinco mil e 800 dos 600 mil migrantes que a Líbia alberga estão em centros de alojamento para migrantes clandestinos dos quais três mil e 800 se encontram em centros situados na proximidade das zonas de confrontos, perto de Trípoli, exposto a combates armados desde 4 de abril último.
A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (MANUL) coordena os serviços competentes na Líbia com vista à instalação de uma gestão alternativa do dossiê da emigração clandestina, fora dos centros de detenção para migrantes.
A multiplicação dos naufrágios das embarcações dos migrantes clandestinos, nos últimos dias, ao largo da Líbia, com a morte de mais de 100 pessoas, levantou uma viva emoção no Mundo, mas sem que tal culminasse em decisões práticas para tratar radicalmente o fenómeno da emigração clandestina, a partir da Líbia.
Várias centenas de migrantes socorridos no Mediterrâneo erram durante vários dias a bordo de navios das organizações humanitárias, sem encontrar portos de acolhimento para desembarcar, na Europa.
Esta situação prova a continuação da política de fuga executada pelos países da União Europeia(UE), contra a emigração clandestina, enquanto eles são os principais destinos dos fluxos de migrantes, segundo analistas.
-0- PANA BY/TBM/FK/IZ 27ago2019