Agência Panafricana de Notícias

Libertos 55 militares congoleses feitos reféns por supostos soldados angolanos

Brazzaville, Congo (PANA) – Cinquenta e cinco militares congoleses feitos reféns segunda-feira passada por alegados soldados angolanos, durante uma incursão no sudoeste do Congo, foram libertos sexta-feira, anunciou domingo a administração local.

Segundo o presidente do Conselho Provincial de Niari, Jacques Mouanda, os reféns em causa são elementos das Forças Armadas Congolesas destacados em Kimongo, sede distrital perto da fronteira com Angola, que foi objeto de incursão domingo da semana passada por "militares vindos de Luanda".

"Os nossos militares (...) acabam de ser libertos. Estamos a regressar com eles a Dolisie (cerca de 350 quilómetros no sudoeste de Brazzaville), sede da segunda região militar donde partiram”, declarou Jacques Mouanda, contactado por telefone.

Mouanda explicou que a sua libertação foi obtida pela "via diplomática" depois de "negociações difíceis".

Indicou que os "militares angolanos" puseram termo à sua incursão em território congolês na quinta-feira passada, pouco depois da deslocação, à zona dos incidentes, do chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas Congolesas (FAC), general Guy-Blanchard Okoi.

Depois da sua captura, os 55 militares congoleses teriam sido conduzidos ao enclave de Cabinda, em território angolano.

Mas as autoridades angolanas desmentem categoricamente terem mandado executar qualquer intervenção militar no Congo e desafiam que sejam apresentadas provas em contrário.

"Não há militares angolanos na República do Congo ou na República Democrática do Congo”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mário Augusto.

Segundo ele, existem elementos rebeldes da FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda) que "vão pululando por aquela zona" onde algumas partes da região continuam sem marcos fronteiriços visíveis.

“Não houve incursão militar nenhuma. Nem há conflito que justifique a presença de militares angolanos na República do Congo ou na República Democrática do Congo”, disse Mário Augusto, desafiando que sejam apresentadas provas de tal incursão militar angolana.

Por seu turno, o embaixador de Angola no Congo, Fernando Pedro Mavunza, considerou de falsas as informações postas a circular desde a semana passada, segundo os quais soldados do seu país teriam feito uma incursão nas aldeias de Kimongo.

"É falso. Na fronteira há sempre fricções com as populações ou com os serviços de fiscalização das fronteiras", declarou o diplomata angolano à imprensa no termo de um encontro com o ministro congolês dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Basile Ikouébé.

"Vocês sabem que os media também sabem fabricar anúncios", disse o embaixador Mavunza nas suas declarações aos jornalistas, acusando a imprensa de jogar o papel de "desmancha prazeres".

A imprensa local vinha citando desde quinta-feira o coronel Christian Samuel Sansa, da Gendarmaria congolesa em Dolisie, segunda região militar do país, como tendo afirmado que militares angolanos chegados de Luanda domingo teriam invadido cinco localidades da região congolesa de Niari, dizendo que "vieram ocupar uma zona que lhes pertence".

O distrito congolês de Kimongo é fronteiriço com Cabinda, parcela do território angolano rica em petróleo, mas encravada entre o Congo e a República Democrática do Congo (RDC), e cuja independência é reivindicada pela FLEC, um grupo armado que até a um passado recente mantinha as suas bases em território congolês.

O Congo, Angola e a RD Congo concluíram em início dos anos 2000 um pacto de não agressão a respeito deste enclave.

-0- PANA MB/TBM/MAR/IZ 20outubro2013