Agência Panafricana de Notícias

Libéria vence Prémio Africano de Género 2011

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – A Libéria venceu o Prémio Africano de Género de 2001 em reconhecimento dos seus esforços de promoção dos direitos das mulheres ilustrados pelas suas ações a favor da educação das raparigas, da autonomização económica das mulheres e da adoção de leis contra as violências feitas às mulheres, anunciou em Addis Abeba o comité encarregue de atribuir este galardão.

A Presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, receberá este prémio simbólico à margem da 16ª Assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) a decorrer na capital etíope, Addis Abeba, de 30 a 31 de janeiro, segundo responsáveis do GIMAC (Género é Minha Agenda de Campanha).

Desde 2005, ano em que o chefe de Estado senegalês Abdoulaye Wade e o então Presidente sul-africano Thabo Mbeki foram os primeiros laureados, esta é a quarta vez que este prémio foi atribuído.

Em 2006, prémio foi concedido ao Presidente ruandês, Paul Kagame, enquanto, em 2010, o GIMAC entregou-o ao chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza.

Os chefes de Estado recebem este prémio em nome dos seus países porque são responsáveis pela aplicação da Declaração Solene sobre a Igualdade entre Homens e Mulheres em África (SDGEA), que reflete os progressos registados em matéria de realização das aspirações das mulheres em cada um dos Estados membros da UA.

"Este galardão é concedido a um país mas não deve ser personalizado", declarou Gertrude Mongela, presidente do comité de seleção do laureado do GIMAC.

"Esperamos que os Liberianos e as Liberianas sejam encorajados por este prémio a continuar o que eles fazem para melhorar a governação, a paz e a segurança, os direitos humanos, a saúde, a educação e a autonomização económica das mulheres. Eles trabalham na sombra mas as suas realizações são reconhecidas", declarou Mongela, ex-presidente do Parlamento Panfricano e figura proeminente da política tanzaniana.

"Para esta vez, honramos as mulheres da Libéria e o setor privado que contribui para o desenvolvimento do seu país ", disse Mongela sublinhando que os Presidentes dos países laureados continuam a ser recohecidos pelos seus resultados obtidos na aplicação do SDGEA.

Além disso, o GIMAC realiza a sua 17ª reunião consultiva pré-cimeira sobre a integração das mulheres, à margem da Cimeira da UA, sob os temas "Eliminação das Violências Feitas às Mulheres", "Género e Mudança Climática/Justiça Climática" e "Género e Economia Social".

A violência feita às mulheres permanece um problema maior nas sociedades africanas, estendendo-se além-fronteiras e perpetrada sob diversas formas, tanto físicas e sexuais como afetivas e psicológicas e tem tendência a tomar proporções particularmente alarmantes em situações de conflito e pós-conflito.

O GIMAC, uma rede de mais de 40 organizações, comprometeu-ser a prevenir estes abusos para a proteção das mulheres.

Falando em relação ao tema da Cimeira da UA "Para uma Maior Unidade e Integração através dos Valores Partilhados", Bineta Diop, fundadora e diretor executivo de Mulheres África Solidariedade (FAS), indicou que o GIMAC deseja estabelecer um laço entre estes valores e questões ligadas às mulheres africanas.

Embora os países africanos tenham formulado e adotado diversos instrumentos para garantir a igualdade do género, ela indicou que "parece que questões do género são difíceis de gerir".

"Os chefes de Estado e de Governo ratificaram instrumentos sobre a igualdade do género, mas mão os aplicam- Não vislumbramos sequer nenhum impacto das suas ações. A violência contra as mulheres expandiu-se muito e os países não concedem toda a possibilidade às mulheres de ocupar cargas de decisão", revelou.

Por sua vezk, a antiga ministra finlandesa da Defesa, Elisabeth Rehn, atualmente militante dos direitos das mulheres, que vem da República Democrática do Congo, indicou que a falta de formação é um fardo mais pesado que as mulheres suportam.

A reunião consultiva do GIMAC discute igualmente sobre a proteção das mulheres nos países em conflito, nomeadamente na Côte d'Ivoire, e a participação das mulheres nos processos de paz bem como a formação em técnicas de negociação de paz, mediação e resolução dos conflitos.

A antiga Presidente irlandesa, Mary Robinson, indicou, durante a reunião, que mulheres em vários países "foram afetadas negativamente pelo impacto da mudança climática, mas são potenciais agentes ao serviço da ação mundial , nacional e comunitária".

A reunião, que decorre de 24 a 26 de janeiro, é coordenada pela FAS, em parceria com Mary Robinson Fundação-Clima Justiça (MRFCJ), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Comissão Económica da Organização das Nalções Unidas para África (CEA) e a Organização das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM).

-0- PANA AR/SEG/AKA/ FJG/SSB/SOC/MAR/DD 26jan2011