PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Liberais e islamitas em rota de colisão na Líbia
Tripoli, Líbia (PANA) – O diálogo nacional na Líbia entre as diferentes correntes políticas no país, nomeadamente entre os liberais da Aliança das Forças Nacionais (AFN) e os islamitas do Partido da Justiça e Construção (PJC), caminha para o impasse face à escalada da linguagem de exclusão e marginalização.
Os primeiros sinais desta crise partiram de informações postas a circular no país de que os membros do movimento islamita da Irmandade Muçulmana, políticamente representados pelo PJC, estariam a trabalhar na adoção de uma lei de exclusão política pelo recentemente eleito Congresso Nacional Geral (Assembleia Constituinte).
Durante as primeiras eleições pluralistas da história da Líbia realizadas este ano, depois de mais de meio século de absolutismo, a AFN obteve uma vitória esmagadora com 39 dos 80 assentos reservados aos partidos políticos, enquanto o PJC ficou em segundo lugar com 17 assentos.
Mas antes das eleições, o PJC era amplamente apontado, sobretudo durante a campanha eleitoral, como o virtual vencedor, naquilo que seria uma reprodução do que aconteceu na Tunísia e no Egito, primeiro e segundo países da revolução da Primavera Árabe.
Nestes dois últimos países, as primeiras eleições do pós-revolução foram ganhas respetivamente pelos islamitas do Partido Ennahdha (Tunísia) e do Partido para a Justiça e Construção, ala política da Irmande Muçulmana no Egito.
Os Líbios foram às urnas a 7 de julho de 2012 para eleger 200 membros do Congresso Nacional Geral dos quais 120 membros independentes e 80 de partidos políticos, no quadro de uma transição política de cerca de um ano e meio, na sequência do derrube do regime do coronel Muamar Kadafi, que governou a Líbia durante cerca de 42 anos.
A redação de uma Constituição para este país da África do Norte, que viveu quatro décadas de regime autoritário e de ditadura absoluta, constitui uma das principais missões da assembleia constituinte.
Os Líbios supreenderam o mundo ao organizar eleições livres e transparentes num ambiente de segurança e sem incidentes maiores, apesar da proliferação de armas no país, e ao dar a maioria dos votos aos liberais da AFN dirigida por Mahmoud Jibril numa nação que se apresenta como uma sociedade muçulmana de natureza.
A transferência do poder teve lugar de modo pacífico, em agosto de 2012, com a passagem do poder do Conselho Nacional de Transição (CNT), que conduziu a revolta contra o antigo regime e a primeira fase transitória, para o Congresso Nacional Geral.
Este ato seguiu-se da eleição do presidente do Congresso Nacional Geral na pessoa de Mohamed Youssef Al-Mgueryef, um dos mais antigos símbolos da oposição líbia ao regime de Kadafi desde os anos 80 do século passado, um facto que entretanto suscitou numerosas interrogações, uma vez que o Partido da Frente de Salvação Nacional (FSN), dirigido por Al-Mgueryef, venceu apenas três assentos no Congresso Nacional Geral.
Face ao aumento de tensões entre os polos da cena política líbia, a AFN divulgou um comunicado retomado pela imprensa local, no qual diz acompanhar "com tristeza e pena a campanha injusta levada a cabo contra si por algumas forças políticas e personalidades públicas que exploram os media e outros meios de comunicação, incluindo públicos."
O comunicado indica que esta campanha visa criar dúvida sobre a escolha do povo, e denuncia o comportamento de algumas individualidades religiosas que se transformaram em "dadores de lições".
A AFN precisa, no seu documento, que a pretendida lei de exclusão política visa "negar a algumas personalidades políticas o seu direito constitucional ainda que isto se faça em detrimento da reconciliação nacional que é a prioridade da revolução desde o início".
A nota explica ainda esta campanha pelas consultas levadas a cabo pela AFN com vista a criar alianças com os deputados independentes.
Por isso, a AFN adverte contra esta "deformação voluntária" nomeadamente quanto à religião, afirmando que isto pode levar a dissensões com consequências incalculáveis e capazes de provocar mais divisões numa altura em que o país precisa mais de unidade.
-0- PANA AD/BY/TBM/CJB/IZ 22ago2012
Os primeiros sinais desta crise partiram de informações postas a circular no país de que os membros do movimento islamita da Irmandade Muçulmana, políticamente representados pelo PJC, estariam a trabalhar na adoção de uma lei de exclusão política pelo recentemente eleito Congresso Nacional Geral (Assembleia Constituinte).
Durante as primeiras eleições pluralistas da história da Líbia realizadas este ano, depois de mais de meio século de absolutismo, a AFN obteve uma vitória esmagadora com 39 dos 80 assentos reservados aos partidos políticos, enquanto o PJC ficou em segundo lugar com 17 assentos.
Mas antes das eleições, o PJC era amplamente apontado, sobretudo durante a campanha eleitoral, como o virtual vencedor, naquilo que seria uma reprodução do que aconteceu na Tunísia e no Egito, primeiro e segundo países da revolução da Primavera Árabe.
Nestes dois últimos países, as primeiras eleições do pós-revolução foram ganhas respetivamente pelos islamitas do Partido Ennahdha (Tunísia) e do Partido para a Justiça e Construção, ala política da Irmande Muçulmana no Egito.
Os Líbios foram às urnas a 7 de julho de 2012 para eleger 200 membros do Congresso Nacional Geral dos quais 120 membros independentes e 80 de partidos políticos, no quadro de uma transição política de cerca de um ano e meio, na sequência do derrube do regime do coronel Muamar Kadafi, que governou a Líbia durante cerca de 42 anos.
A redação de uma Constituição para este país da África do Norte, que viveu quatro décadas de regime autoritário e de ditadura absoluta, constitui uma das principais missões da assembleia constituinte.
Os Líbios supreenderam o mundo ao organizar eleições livres e transparentes num ambiente de segurança e sem incidentes maiores, apesar da proliferação de armas no país, e ao dar a maioria dos votos aos liberais da AFN dirigida por Mahmoud Jibril numa nação que se apresenta como uma sociedade muçulmana de natureza.
A transferência do poder teve lugar de modo pacífico, em agosto de 2012, com a passagem do poder do Conselho Nacional de Transição (CNT), que conduziu a revolta contra o antigo regime e a primeira fase transitória, para o Congresso Nacional Geral.
Este ato seguiu-se da eleição do presidente do Congresso Nacional Geral na pessoa de Mohamed Youssef Al-Mgueryef, um dos mais antigos símbolos da oposição líbia ao regime de Kadafi desde os anos 80 do século passado, um facto que entretanto suscitou numerosas interrogações, uma vez que o Partido da Frente de Salvação Nacional (FSN), dirigido por Al-Mgueryef, venceu apenas três assentos no Congresso Nacional Geral.
Face ao aumento de tensões entre os polos da cena política líbia, a AFN divulgou um comunicado retomado pela imprensa local, no qual diz acompanhar "com tristeza e pena a campanha injusta levada a cabo contra si por algumas forças políticas e personalidades públicas que exploram os media e outros meios de comunicação, incluindo públicos."
O comunicado indica que esta campanha visa criar dúvida sobre a escolha do povo, e denuncia o comportamento de algumas individualidades religiosas que se transformaram em "dadores de lições".
A AFN precisa, no seu documento, que a pretendida lei de exclusão política visa "negar a algumas personalidades políticas o seu direito constitucional ainda que isto se faça em detrimento da reconciliação nacional que é a prioridade da revolução desde o início".
A nota explica ainda esta campanha pelas consultas levadas a cabo pela AFN com vista a criar alianças com os deputados independentes.
Por isso, a AFN adverte contra esta "deformação voluntária" nomeadamente quanto à religião, afirmando que isto pode levar a dissensões com consequências incalculáveis e capazes de provocar mais divisões numa altura em que o país precisa mais de unidade.
-0- PANA AD/BY/TBM/CJB/IZ 22ago2012