PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Kadafi propõe divisão da Nigéria em dois Estados para resolver crise
Tripoli- Líbia (PANA) -- O líder líbio, Muamar Kadafi, defendeu a divisão da Nigéria em dois Estados independentes, sendo um no sul para os cristãos e outro no norte para os muçulmanos, como solução à "situação dramática" que o país vive actualmente, soube a PANA quarta-feira de fonte oficial.
De acordo com Kadafi, o fim dos confrontos étnicos e religiosos na Nigéria passa pela adopção do modelo implementado em 1947 no império britânico do subcontinente indiano com a criação dos Estados paquistanês para os muçulmanos e indiano para os hindus, por iniciativa de Mohamed Ali Jinah.
Este último foi um defensor dos direitos da minoria islâmica que se bateu pela constituição daqueles dois Estados independentes a partir dos territórios de maioria hindu (Índia) e dos de maioria muçulmana (Paquistão).
"A única solução à situação dramática que decorre na Nigéria é o aparecimento de um novo Mohamed Ali Jinah, como o que aconteceu em 1947 ao subcontinente indiano com a criação de dois Estados (Índia e Paquistão), declarou Kadafi em Tripoli diante de líderes estudantis africanos incluindo nigerianos.
Para ele, a Nigéria devia seguir o mesmo exemplo pela instauração de um Estado cristão no sul que teria Lagos como capital e um outro muçulmano no norte que ficaria sediado em Abuja.
"Nada vai parar as efusões de sangue, os incêndios das casas de Deus quer se tratem de mesquitas quer de igrejas na Nigéria", realçou Kadafi no seu discurso pronunciado durante um fórum de líderes estudantis de universidades africanas aberto segunda-feira na capital líbia, Tripoli.
A este propósito, Kadafi considerou o antigo Presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, como o líder capaz de assumir tal responsabilidade na Nigéria e desempenhar o papel de "Mohamed Ali Jinah", no sul, para "dirigir e salvar os cristãos e as igrejas dos massacres e dos incêndios".
Um tal protagonismo de Obasanjo, disse, daria ao norte a oportunidade de fazer aparecer um outro "Mohamed Ali Jinah" para criar o seu Estado e "salvar os muçulmanos e as mesquitas contra os massacres e os incêndios".
No entender de Kadafi, estes dois Estados seriam criados por consenso e na cordialidade "e não com luta, nem matanças, nem o sangue" e que as fronteiras de cada país seriam delimitadas, tendo em conta ao mesmo tempo a maneira de partilhar os recursos petrolíferos e as demais riquezas como os rios, as minas e as terras agrícolas, "pacificamente e através das negociações fraternas".
Ele precisou que a "situação dramática e muito dolorosa" em que a Nigéria está mergulhada actualmente resulta da imposição do Estado federal pelos Ingleses, "apesar da resistência de pessoas que pagaram o prémio de um milhão de mártires".
Esta situação, prosseguiu, é grave de mais para ser tratada com os meios tradicionais como leis, Polícia, julgamentos e outros, "porque não se trata dum crime individual mas dum conflito profundo que toma um aspecto religioso".
Kadafi insistiu que os factores externos que estão na origem da situação nigeriana parecem-se totalmente aos que existiam no subcontinente indiano antes de 1947, marcado por "massacres entre hindus e muçulmanos que só terminaram com a iniciativa de Mohamed Ali Janah de criar um Estado muçulmano que ele baptizou Paquistão e um outro para os hindus, a Índia actual".
"Esta solução foi dolorosa, mas constituiu uma solução radical e histórica sem a qual milhões de hindus e muçulmanos teriam continuado a morrer no subcontinente indiano", disse.
Muhammad Ali Jinnah (1876-1948) fundou o actual Paquistão, em 1947, depois de militar activamente no partido do Congresso Nacional Indiano (CNI), que lutava contra as autoridades coloniais britânicas pela independência da Índia.
Dentro do CNI, ele assumiu posturas moderadas e de defesa da unidade entre as comunidades religiosas hindus e muçulmanas mas convenceu-se, mais tarde, que essa concordância era impossível sobretudo após a sua adesão à Liga Muçulmana.
Abandonou temporariamente o CNI e a Liga Muçulmana, mas retornou depois ao partido, tornando-se seu presidente, quando se destacou na defesa dos direitos da minoría islâmica na Índia, organizando um movimento político de massas.
Em 1940, Jinnah passou a defender a constituição da Índia e do Paquistão como dois Estados independentes do Império Britânico, fundando o primeiro nos territórios com maioria hindu e o último nos de maioria muçulmana.
Apesar de alguma oposição ao projeto, os dirigentes do Partido do Congresso liderados por Jawaharlal Nehru aceitaram a proposta e, durante a II Guerra Mundial, Jinnah incrementou a colaboração dos muçulmanos com os colonizadores.
Com o fim da guerra, as eleições demostraram que os seus esforços haviam sido recompensados com o apoio popular.
Jinnah reclamou seis províncias do subcontinente indiano para a constituição do futuro Estado paquistanês (Baluchistão, Sind, Punjab, Bengala, Assam e a fronteira noroeste).
Depois da violência entre as comunidades hindu e islâmica que se seguiu ao conflito com o Partido do Congreso, em 1946, os Britânicos concederam independência à Índia e ao Paquistão, em 15 de Setembro de 1947.
Embora a extensão do território paquistanês fosse menor do que Jinnah desejava, ele tornou-se no primeiro dirigente do novo país.
Porém, faleceu pouco depois, em 11 de Setembro de 1948, em Karachi, vítima de tuberculose.
De acordo com Kadafi, o fim dos confrontos étnicos e religiosos na Nigéria passa pela adopção do modelo implementado em 1947 no império britânico do subcontinente indiano com a criação dos Estados paquistanês para os muçulmanos e indiano para os hindus, por iniciativa de Mohamed Ali Jinah.
Este último foi um defensor dos direitos da minoria islâmica que se bateu pela constituição daqueles dois Estados independentes a partir dos territórios de maioria hindu (Índia) e dos de maioria muçulmana (Paquistão).
"A única solução à situação dramática que decorre na Nigéria é o aparecimento de um novo Mohamed Ali Jinah, como o que aconteceu em 1947 ao subcontinente indiano com a criação de dois Estados (Índia e Paquistão), declarou Kadafi em Tripoli diante de líderes estudantis africanos incluindo nigerianos.
Para ele, a Nigéria devia seguir o mesmo exemplo pela instauração de um Estado cristão no sul que teria Lagos como capital e um outro muçulmano no norte que ficaria sediado em Abuja.
"Nada vai parar as efusões de sangue, os incêndios das casas de Deus quer se tratem de mesquitas quer de igrejas na Nigéria", realçou Kadafi no seu discurso pronunciado durante um fórum de líderes estudantis de universidades africanas aberto segunda-feira na capital líbia, Tripoli.
A este propósito, Kadafi considerou o antigo Presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, como o líder capaz de assumir tal responsabilidade na Nigéria e desempenhar o papel de "Mohamed Ali Jinah", no sul, para "dirigir e salvar os cristãos e as igrejas dos massacres e dos incêndios".
Um tal protagonismo de Obasanjo, disse, daria ao norte a oportunidade de fazer aparecer um outro "Mohamed Ali Jinah" para criar o seu Estado e "salvar os muçulmanos e as mesquitas contra os massacres e os incêndios".
No entender de Kadafi, estes dois Estados seriam criados por consenso e na cordialidade "e não com luta, nem matanças, nem o sangue" e que as fronteiras de cada país seriam delimitadas, tendo em conta ao mesmo tempo a maneira de partilhar os recursos petrolíferos e as demais riquezas como os rios, as minas e as terras agrícolas, "pacificamente e através das negociações fraternas".
Ele precisou que a "situação dramática e muito dolorosa" em que a Nigéria está mergulhada actualmente resulta da imposição do Estado federal pelos Ingleses, "apesar da resistência de pessoas que pagaram o prémio de um milhão de mártires".
Esta situação, prosseguiu, é grave de mais para ser tratada com os meios tradicionais como leis, Polícia, julgamentos e outros, "porque não se trata dum crime individual mas dum conflito profundo que toma um aspecto religioso".
Kadafi insistiu que os factores externos que estão na origem da situação nigeriana parecem-se totalmente aos que existiam no subcontinente indiano antes de 1947, marcado por "massacres entre hindus e muçulmanos que só terminaram com a iniciativa de Mohamed Ali Janah de criar um Estado muçulmano que ele baptizou Paquistão e um outro para os hindus, a Índia actual".
"Esta solução foi dolorosa, mas constituiu uma solução radical e histórica sem a qual milhões de hindus e muçulmanos teriam continuado a morrer no subcontinente indiano", disse.
Muhammad Ali Jinnah (1876-1948) fundou o actual Paquistão, em 1947, depois de militar activamente no partido do Congresso Nacional Indiano (CNI), que lutava contra as autoridades coloniais britânicas pela independência da Índia.
Dentro do CNI, ele assumiu posturas moderadas e de defesa da unidade entre as comunidades religiosas hindus e muçulmanas mas convenceu-se, mais tarde, que essa concordância era impossível sobretudo após a sua adesão à Liga Muçulmana.
Abandonou temporariamente o CNI e a Liga Muçulmana, mas retornou depois ao partido, tornando-se seu presidente, quando se destacou na defesa dos direitos da minoría islâmica na Índia, organizando um movimento político de massas.
Em 1940, Jinnah passou a defender a constituição da Índia e do Paquistão como dois Estados independentes do Império Britânico, fundando o primeiro nos territórios com maioria hindu e o último nos de maioria muçulmana.
Apesar de alguma oposição ao projeto, os dirigentes do Partido do Congresso liderados por Jawaharlal Nehru aceitaram a proposta e, durante a II Guerra Mundial, Jinnah incrementou a colaboração dos muçulmanos com os colonizadores.
Com o fim da guerra, as eleições demostraram que os seus esforços haviam sido recompensados com o apoio popular.
Jinnah reclamou seis províncias do subcontinente indiano para a constituição do futuro Estado paquistanês (Baluchistão, Sind, Punjab, Bengala, Assam e a fronteira noroeste).
Depois da violência entre as comunidades hindu e islâmica que se seguiu ao conflito com o Partido do Congreso, em 1946, os Britânicos concederam independência à Índia e ao Paquistão, em 15 de Setembro de 1947.
Embora a extensão do território paquistanês fosse menor do que Jinnah desejava, ele tornou-se no primeiro dirigente do novo país.
Porém, faleceu pouco depois, em 11 de Setembro de 1948, em Karachi, vítima de tuberculose.