PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Kadafi personagem de controversos percursos
Dakar, Senegal (PANA) – Muamar Kadafi, o homem que os Ocidentais perseguiam desde a Revolução de 17 fevereiro de 2011, morreu finalmente esta quinta-feira, sob as balas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), ala armada de França, dos Estados Unidos e da Espanha na sequência da resolução votada pelas Nações Unidas a 17 de março deste ano.
Nascido a 19 de junho de 1942 em Qasr Abou Hadid4 (18 quilómetros a sudeste de Sirtes), Kadafi fez os seus estudos militares na Academia Militar de Benghazi em 1963, antes de ser enviado ao Reino Unido para efetuar um treino suplementar no Staff College de Camberley.
Após o seu regresso ao país em 1966, ele perpetrou a 1 de setembro de 1969, aos 27 anos de idade, com um grupo de oficiais, o golpe de Estado contra o rei Idri Ier e aboliu a monarquia cuja bandeira serve de emblema para a rebelião líbia liderada pelo Conselho Nacional de Transição (CNT).
Tornado líder da Líbia, ele reorganizou desde 1977 as instituições políticas fazendo do país a Grande Jamahiriya Árabe Líbia popular e socialista, teoricamente administrada conforme um sistema de democracia direta, mas continuada sob a férula do coronel Kadafi, doravante designado pelo título de «guia da Revolução ».
Ao se reclamar próximo do líder carismático egípcio Gamal Abdel Nasser, Kadafi preconizou a passagem por um socialismo árabe que lhe ofereceu as razões de nacionalizar empresas, essencialmente controladas por cidadãos italianos, instalou « comités revolucionários » e « Tribunais Populares » neste país onde os partidos políticos estão suspensos desde a era da monarquia.
Na cena internacional, ele opôs-se aos interesses ocidentais pedindo ao Exército britânico para deixar a Líbia, após 13 anos de presença militar e ordenando depois aos Estados Unidos para evacuar as suas bases militares do país, mas sobretudo utilizando o petróleo líbio, reputado de muita boa qualidade, para desequilibrar a ordem estabelecida no setor pelas companhias ocidentais.
Ele atraiu inimizades, nomeadamente de França, quando anexou em 1973 a faixa de Aozou no Tchad e levou o antigo chefe de Estado tchadiano, Goukouni Oueddei, a declarar em 1980 a fusão do seu país, um bastião da «Françafrique » com a Líbia. O conflito entre Paris e Tripoli durou de 1980 a 1990, obrigando França a enviar duas vezes o seu Exército para apoiar Hissène Habré contra o avanço das forças de Oueddei apoiadas pelo Exército líbio.
Considerado como o responsável pelo atentado de Lockerbie em 1988 e pelo atentado perpetrado contra o voo 772 UTA em 1989, em que foram mortas 440 pessoas, Muamar Kadafi acabou por se tornar o inimigo nº 1 do bloco ocidental que lhe fará sentir as consequências por um embargo severo imposto em 1992 pelas Nações Unidas e especialmente controlado pelos Estados Unidos.
Alguns anos mais tarde, Muamar Kadafi tentou corrigir a imagem do seu país e da sua diplomacia, ao entregar à Justiça escocesa os agentes dos Serviços Secretos líbios suspeitos do atentado de Lockerbie, obtendo a suspensão das sanções da ONU e o restabelecimento das relações diplomáticas com o Reino Unido.
Posteriormente, Muamar Kadafi renunciou publicamente ao seu programa de armamento nuclear e instarou uma política de atenuação da regulamentação líbia em matéria económica, permitindo a abertura do mercado local às empresas internacionais e a aproximação do seu país às potências ocidentais na fé dum papel maior na pacificação do mundo e na criação dum Médio Oriente sem armas de destruição massiva.
A sua ação mais decisiva foi a abertura do seu país para a África Subsariana, marcada pela sua iniciativa de criação dos Estados Unidos de África, oferecendo, por exemplo, a sua participação na integração regional, com enormes investimentos na economia de vários países africanos.
A criação da Comunidade dos Estados Sahelo-Sarianos (CEN-SAD) que ele inspirou foi concebida como um embrião desta África unida receada pelas nações ocidentais, mas obstruída pelo micro-nacionalismo dos Estados africanos ainda sob a direção das suas antigas metrópoles.
Com certeza, se a ideia dos Estados Unidos de África é reconhecida aliciante e benéfica para o desenvolvimento do continente, mas as modalidades da sua aplicação, « imediata », parecem um pouco dividir os líderes africanos e enviar contra o guia da Revolução líbia a velha intenção outrora atribuíada ao pan-africanista ganense, Kwame Nkrumah, de desenvolver a ambição de dirigir África.
Será que a morte de Muamar Kadafi marca o fim deste sonho dos pais fundadores africanos ? A abertura da Líbia para África e a sua participação integrante nas atividades da União Africana (UA) habitarão as autoridades da Nova Líbia? São questões que se interrogam com certeza os pares africanos que ainda se lembram das tentativas de cortar o Magrebe do resto do continente, a favor da União Para o Mediterrâneo (UPM), apoiada por França e levada ao fracasso por Muamar Kadafi.
-0- PANA SSB/IBA/FK/TON 20out2011
Nascido a 19 de junho de 1942 em Qasr Abou Hadid4 (18 quilómetros a sudeste de Sirtes), Kadafi fez os seus estudos militares na Academia Militar de Benghazi em 1963, antes de ser enviado ao Reino Unido para efetuar um treino suplementar no Staff College de Camberley.
Após o seu regresso ao país em 1966, ele perpetrou a 1 de setembro de 1969, aos 27 anos de idade, com um grupo de oficiais, o golpe de Estado contra o rei Idri Ier e aboliu a monarquia cuja bandeira serve de emblema para a rebelião líbia liderada pelo Conselho Nacional de Transição (CNT).
Tornado líder da Líbia, ele reorganizou desde 1977 as instituições políticas fazendo do país a Grande Jamahiriya Árabe Líbia popular e socialista, teoricamente administrada conforme um sistema de democracia direta, mas continuada sob a férula do coronel Kadafi, doravante designado pelo título de «guia da Revolução ».
Ao se reclamar próximo do líder carismático egípcio Gamal Abdel Nasser, Kadafi preconizou a passagem por um socialismo árabe que lhe ofereceu as razões de nacionalizar empresas, essencialmente controladas por cidadãos italianos, instalou « comités revolucionários » e « Tribunais Populares » neste país onde os partidos políticos estão suspensos desde a era da monarquia.
Na cena internacional, ele opôs-se aos interesses ocidentais pedindo ao Exército britânico para deixar a Líbia, após 13 anos de presença militar e ordenando depois aos Estados Unidos para evacuar as suas bases militares do país, mas sobretudo utilizando o petróleo líbio, reputado de muita boa qualidade, para desequilibrar a ordem estabelecida no setor pelas companhias ocidentais.
Ele atraiu inimizades, nomeadamente de França, quando anexou em 1973 a faixa de Aozou no Tchad e levou o antigo chefe de Estado tchadiano, Goukouni Oueddei, a declarar em 1980 a fusão do seu país, um bastião da «Françafrique » com a Líbia. O conflito entre Paris e Tripoli durou de 1980 a 1990, obrigando França a enviar duas vezes o seu Exército para apoiar Hissène Habré contra o avanço das forças de Oueddei apoiadas pelo Exército líbio.
Considerado como o responsável pelo atentado de Lockerbie em 1988 e pelo atentado perpetrado contra o voo 772 UTA em 1989, em que foram mortas 440 pessoas, Muamar Kadafi acabou por se tornar o inimigo nº 1 do bloco ocidental que lhe fará sentir as consequências por um embargo severo imposto em 1992 pelas Nações Unidas e especialmente controlado pelos Estados Unidos.
Alguns anos mais tarde, Muamar Kadafi tentou corrigir a imagem do seu país e da sua diplomacia, ao entregar à Justiça escocesa os agentes dos Serviços Secretos líbios suspeitos do atentado de Lockerbie, obtendo a suspensão das sanções da ONU e o restabelecimento das relações diplomáticas com o Reino Unido.
Posteriormente, Muamar Kadafi renunciou publicamente ao seu programa de armamento nuclear e instarou uma política de atenuação da regulamentação líbia em matéria económica, permitindo a abertura do mercado local às empresas internacionais e a aproximação do seu país às potências ocidentais na fé dum papel maior na pacificação do mundo e na criação dum Médio Oriente sem armas de destruição massiva.
A sua ação mais decisiva foi a abertura do seu país para a África Subsariana, marcada pela sua iniciativa de criação dos Estados Unidos de África, oferecendo, por exemplo, a sua participação na integração regional, com enormes investimentos na economia de vários países africanos.
A criação da Comunidade dos Estados Sahelo-Sarianos (CEN-SAD) que ele inspirou foi concebida como um embrião desta África unida receada pelas nações ocidentais, mas obstruída pelo micro-nacionalismo dos Estados africanos ainda sob a direção das suas antigas metrópoles.
Com certeza, se a ideia dos Estados Unidos de África é reconhecida aliciante e benéfica para o desenvolvimento do continente, mas as modalidades da sua aplicação, « imediata », parecem um pouco dividir os líderes africanos e enviar contra o guia da Revolução líbia a velha intenção outrora atribuíada ao pan-africanista ganense, Kwame Nkrumah, de desenvolver a ambição de dirigir África.
Será que a morte de Muamar Kadafi marca o fim deste sonho dos pais fundadores africanos ? A abertura da Líbia para África e a sua participação integrante nas atividades da União Africana (UA) habitarão as autoridades da Nova Líbia? São questões que se interrogam com certeza os pares africanos que ainda se lembram das tentativas de cortar o Magrebe do resto do continente, a favor da União Para o Mediterrâneo (UPM), apoiada por França e levada ao fracasso por Muamar Kadafi.
-0- PANA SSB/IBA/FK/TON 20out2011