Agência Panafricana de Notícias

Kadafi adverte de ingerências estrangeiras na Tunísia

Tripoli, Líbia (PANA) – O líder libio, Muamar Kadafi, advertiu duma ingerência estrangeira nos assuntos internos da Tunísia, garantindo que ele apoiará e combaterá ao lado do povo tunisino qualquer forma de ingerência estrangeira.

Numa entrevista difundida terça-feira à noite pela cadeia de satélite tunisina « Nessma », Kadafi afirmou que a Tunísia interessa a Líbia mais do que qualquer outro país visto que os dois países constituem uma única terra e uma única profunidade e que a Líbia representa ao lado do mar a única porta de entrada e de saída para a Tunísia.

Ele precisou que o volume das trocas comerciais entre os dois países atingiu em 2010 um total de dois biliões 500 milhões de dinares (dois biliões de dólares americanos), enquanto o número de Líbios que visitaram a Tunísia em 2008, 2009 e 2010 se estima em quatro milhões 750 mil pessoas que gastaram cinco biliões de dólares americanos e cerca de 750 mil Tunisinos visitaram a Líbia.

Em resposta a uma questão sobre as perspetivas dos investimentos líbios na Tunísia, Kadafi declarou que « a Tunísia é prioritária para os investimentos líbios mais do que qualquer outro país contanto que a estabilidade e a segurança sejam instauradas e que os atos de sabotagem cessem ».

Ele deplorou os atos de sabotagem e de destruição que afetaram os bens públicos e privados durante o recente movimento de protestos no país.

Ele lembrou, neste sentido, que as suas instruções para abrir as fronteiras líbias para os Tunisinios sem nenhuma restrição foram dadas para servir os interesses dos tunisinos e não a favor de qualquer parte, numa alusão, às alegações espalhadas por vários órgãos de imprensa segundo as quais estas disposições eram destinadas a salvar o regime de Ben Ali.

O líder líbio ironizou estas alegações interrogando-se « será que os que entram na Líbia sem restrição para trabalhar e fazer comércio são Tunisinos ou são o Presidente Ben Ali e a sua família? ».

Por outro lado, Kadafi criticou vigorosamente a campanha mediática realizada por algumas cadeias satélites árabes durante acontecimentos na Tunísia.

Ele afirmou que estas televisões são « superficiais e insignificantes » e relataram sofrimentos do povo tunisino, cenas de destruição e de sabotagem que destruíram os bens públicos e privados neste país, bem como imagens de violência e de vítimas como se fosse um episódio trágico para se distrair.

Kadafi advertiu da espoliação da revolução na Tunísia e das conspirações que estão a fomentar-se contra o país do interior e do estrangeiro, sublinhando que a Líbia não pode estar contra a vontade do povo tunisino nem apoiar a corrupção ou os que pilharam as riquezas do povo tunisino quaisquer que sejam.

"Estou com o povo tunisino e eu não permitirei que a sua revolução seja roubada por alguns partidos políticos do interior ou por uma parte estrangeira que tem aspirações na Tunísia", declarou o líder libio.

Ele apelou aos anciões e às pessoas de razão para ficar vigilantes e evitar o deslizamento do país para os perigos do incógnito, afirmando que a Tunísia preocupa a Líbia e que ele receia a "somalização e a balcanização" do país, à luz da existência de manobras internas e de aspirações estrangeiras.

O líder líbio reafirmou que se os sacrifícios do povo tunisino culminarem na ascensão do povo ao poder e na transformação do sistema para um sistem jamahiriano (das massas) onde o poder é para o povo através do seu exercício no quadro dos Congressos Populares Básicos que decidem, dos Comités Populares que executam é uma escolha que apoia "em virtude do nosso apelo permanente para a necessidade para o povo aceder ao poder".

Segundo ele, se estes sacrifícios forem consentidos para mudar um Presidente por um outro, um Governo por um outro, um Parlamento por um outro, isto é inútil e obrigará o povo sair de novo à rua.

-0- PANA AD/BY/AAS/FK/TON 26jan2011