Agência Panafricana de Notícias

Kadafi acusa Israel de desestabilizar África

Tripoli- Líbia (PANA) -- O líder líbio e presidente em exercício da União Africana (UA), Muamar Kadafi, acusou o Estado de Israel de "utilizar as suas Embaixadas instaladas em África para desestabilizar o continente" sob pretextos vários.
"As Embaixadas de Israel em África são gangues que buscam alianças com supostas minorias discriminadas para perturbar o nosso continente", sublinhou Muamar Kadafi, explicando ser esta a razão pela qual ele defende o encerramento de todas as Missões Diplomáticas em África "para reduzir os focos de tensão no continente".
Para justificar as suas acusações, o líder líbio que falava segunda-feira, em Tripoli (Líbia), durante a sessão especial da União Africana sobre conflitos em África, citou o exemplo do chefe do Movimento de Libertação do Sudão (SLM), Abdel Wahid al-Nour, que, segundo ele, "é apoiado por Israel que lhe permitiu abrir um gabinete em Telavive para além da protecção que goza de França".
O chefe do SLM reside há vários anos em França onde continua a dirigir a luta contra o regime do Sudão.
Mais geralmente, Muamar Kadafi acusou, no seu discurso de abertura, as grandes potências de fomentar os conflitos em África para aproveitar as suas riquezas e que vê na perpetuação do conflito no Sudão a mão destes potências estrangeiras com o único objectivo de explorar o seu petróleo.
"A Líbia sofreu igualmente porque ela dispõe de petróleo e gás, enquanto o Golfo da Guiné suscita apetites", declarou.
Abordando as tenções em África, Kadafi estabeleceu dois tipos de guerras, o primeiro sendo a dos conflitos entre dois Estados e o segundo o das tensões internas.
"Se é difícil ingerir-se nos conflitos internos, cabe à União Africana fazer tudo para pôr termo às batalhas entre Estados", indicou.
Mas a Etiópia e a Eritreia não desejam que a União Africana intervenha no seu conflito que dura há vários anos.
Os dois países chegaram a acordo para instar a União Africana a não inscrever esta questão na presente sessão, revelou Muamar Kadafi.
Assim, a União Africana não pretende renunciar aos seus esforços para tentar encontrar uma solução a este problema.
Embora a tensão se manteha viva entre os dois países, o espectro da guerra afastou-se um pouco, constata o presidente em exercício da União Africana.
Constatou igualmente que, no geral, houve progressos em África, onde os Africanos tentam resolver os seus problemas, segundo o quadro que os conflitos apresentam.
"A ordem constitucional voltou à Mauritânia depois da organização de eleições julgadas transparentes pela comunidade internacional, enquanto na Côte d'Ivoire estão previstas eleições para Novembro próximo para consagrar definitivamente o regresso à paz", disse.
Por outro lado, acrescentou, a situação normalizou-se na República Democrática do Congo (RDC) que fez a paz com o vizinho Ruanda, estando agora os dois países a conjugar os seus esforços para lutar contra as rebeliões.
Para Kadafi, impõe-se agora à UA resolver o conflito entre o Tchad e o seu vizinho Sudão, ainda que os problemas fronteiriços não sejam a causa do problema.
"Em cada país, existe movimentos de libertação que atiçam o fogo", indicou.