Agência Panafricana de Notícias

Junta investiga sobre malversações na Guiné Conakry

Conakry- Guiné Conakry (PANA) -- O Comité de Auditoria criado pela Junta no poder na Guiné Conakry interrogou quinta-feira o ex-ministro das Finanças, Ousmane Doré, sobre a utilização de 25 biliões de francos guineenses (um dólar americano equivale a quatro mil e 592 francos guinenses) para as festividades do 50º aniversário da independência do país a 2 de Outubro passado.
Doré, que presidiu ao comité de organização das festividades, disse à imprensa estar "muito confiante e satisfeito" após a sua passagem pelo quartel Alpha Yaya diante do Comité de Auditaria do Conselho Nacional para a Democracia e Desenvolvimento (CNDD).
O antigo ministro das Finanças, que fazia parte da dezena de altos quadros e operadores económicos convocados pelo Comité de Auditoria, denunciou que "jornalistas aceitaram dinheiro de pessoas de má-fé com o objectivo de manchar a minha imagem".
O presidente do comité das festividades do 50º aniversário da independência, composto por 12 membros, precisou que o orçamento inicial das cerimónias, fixado em 32 biliões de francos guineenses, foi reduzido para 25 biliões devido às dificuldades do país.
Adiantou que dos 25 biliões, nove biliões foram concedidos a Ministérios e a instituições republicanas que nunca justificaram as despesas efectuadas no quadro das festividades que custaram, segundo ele, três milhões e 600 mil dólares americanos, "contra 50 milhões de dólares americanos para o cinquentenário do Gana, festejado em 2007".
"Há provavelmente recursos que não foram entregues à comissão de organização.
Isto será clarificado pelo comité de que saúdo a iniciativa porque a corrupção fixou as suas raízes há vários anos na Guiné", disse o antigo funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI), chamado a regressar ao seu país em 2007 para integrar o Governo de consenso formado depois da greve geral que assolou de Janeiro do mesmo ano.
Demitido do Governo depois do cinquentenário, Ousmane Doré foi convocado várias vezes pela Polícia Judiciária durante o regime do defunto Presidente Lansana Conté.
Denunciou que "quadros corruptos" abriram contas paralelas para cobrir os recursos de várias empresas.
"Onde estão as contribuções do Presidente (do Senegal) Abdoulaye Wade, estimadas em 500 milhões de francos CFA (um dólar americano equivale a 462 francos CFA), a de (Presidente gambiano) Yaya Jammeh, 500 mil dólares americanos, e da Guiné Equatorial?", interrogou-se, antes de encorajar o Comité de Auditoria a elucidar estas malversações e outros desvios "que já não devem continuar".
"Sou muçulmano e estou sereno (.
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) Todos os que verão o relatório vão saber a verdade.
Actualmente guardo os nomes dos ladrões", disse o ex-ministro das Finanças, afirmando que trabalhou durante 24 anos no FMI com prerrogativas sobre 15 economias africanas.
Além disso, o seu colega dos Desportos e Juventude, Baïdy Aribot, rejeitou as informações segundo as quais o orçamento para a selecção nacional de futebol durante o Campeonato Africano das Nações (CAN) 2008, disputado no Gana, era de 70 biliões de francos guineenses.
"Num orçamento inicial de 53 biliões de francos guineenses, apenas gastamos 15 biliões e o resto foi vertido ao Tesouro.
Regresso à minha casa confiante porque o Comité de Auditoria recebeu informações falsas", declarou o antigo ministro dos Desportos.
O Comité de Auditaria, presidido pelo segundo vice-presidente do CNDD e ministro da Defesa Nacional, o general Sékouba Konaté, foi instaurado pelo autoproclamado Presidente da Guiné Conakry, o capitão Moussa Dadis Camara, que tomou o poder a 23 de Dezembro último algumas horas depois da morte do Presidente Lansana Conté, cujos próximos foram igualmente convocados.