PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Jornalistas lembram-se de colegas mortos no genocídio rwandês
Kigali, Rwanda (PANA) - Os jornalistas rwandeses organizaram uma manifestação, quinta-feira, em Kigali, na capital do país, em memória dos seus 49 colegas mortos durante o genocídio de abril a julho de 1994.
Segundo os organizadores do programa memorial, 49 jornalistas rwandeses que trabalhavam para a imprensa pública e privada foram massacrados ao mesmo tempo que um milhão de outros Rwandeses.
"Foram mortos simplesmente porque eram tutsis ou devido à sua recusa de divulgar as propagandas odiosas da Radiotelevisão Livre das Mil Colinas (RTLM) e do jornal Kangura, que incitavam o massacre", indicaram.
A etnia maioritária hutu e a minoritária tutsi são os dois maiores grupos étnicos do Rwanda.
Durante a colonização do país pela Bélgica, os líderes apontados pela metrópole foram sempre tutsis, num contexto de rivalidade étnica que se acentuou com o tempo, dada a escassez de terras e a fraca economia nacional, sustentada pela exportação do café.
Após a independência, em 1962, os hutus tomaram o poder e começaram a marginalizar os tutsis. Segundo académicos, a diferença entre tutsis e hutus era mínima e fora artificialmente criada pelos belgas numa tentativa de exercer melhor controlo sobre a região através de um sistema de castas sociais.
O genocídio rwandês foi um massacre perpetrado por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados, entre 7 de abril e 4 de julho de 1994.
Iniciou-se no dia seguinte à morte do então Presidente rwandês, Juvénal Habyarimana (um hutu), num atentado contra o avião em que viajava.
As lideranças hutus acusaram os tutsis do assassinato do Presidente e conclamaram a população a iniciar a matança, ao que se seguiu uma incursão, horas depois, de milícias hutus por todas as cidades e aldeias do país, matando tudo que viam pela frente.
Foram criados postos de controlo nas ruas, e as pessoas identificadas como membros da minoria tutsi eram sumariamente executadas.
Este massacre sistemático no país contra os tutsis causou um deslocamento maciço da população para os campos de refugiados situados nas áreas de fronteira, em especial com o então Zaíre (hoje República Democrática do Congo) e Uganda.
Em agosto de 1995, tropas do Zaíre tentaram forçar o retorno desses refugiados para o Rwanda, e 14 mil pessoas foram então devolvidas ao Rwanda, enquanto outras 150 mil refugiaram-se nas montanhas.
Com um balanço de cerca de um milhão de mortos, quase todas as mulheres violadas e a maioria das mais de cinco mil crianças nascidas dessas violações assassinadas, o genocídio só terminou quando a Frente Patriótica Rwandesa (FPR) derrotou o Governo e se instalou definitivamente no poder.
Muitos hutus ajudaram os tutsis a escapar das perseguições, como é o caso do célebre Paul Rusesabagina, gerente do Hotel Mille Collines (Mil Colinas), em Kigali, que foi responsável pela salvação de mil e 268 tutsis e hutus moderados, abrigando-os no seu hotel.
Rusesabagina, hoje residente na Bélgica, ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Rwanda.
Hoje, ele afirma que, se não forem tomadas medidas duras contra o tribalismo no Rwanda, o genocídio poderá voltar a ocorrer, agora pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança.
-0- PANA TWA/VAO/BAD/BEH/MAR/IZ 13abril2018
Segundo os organizadores do programa memorial, 49 jornalistas rwandeses que trabalhavam para a imprensa pública e privada foram massacrados ao mesmo tempo que um milhão de outros Rwandeses.
"Foram mortos simplesmente porque eram tutsis ou devido à sua recusa de divulgar as propagandas odiosas da Radiotelevisão Livre das Mil Colinas (RTLM) e do jornal Kangura, que incitavam o massacre", indicaram.
A etnia maioritária hutu e a minoritária tutsi são os dois maiores grupos étnicos do Rwanda.
Durante a colonização do país pela Bélgica, os líderes apontados pela metrópole foram sempre tutsis, num contexto de rivalidade étnica que se acentuou com o tempo, dada a escassez de terras e a fraca economia nacional, sustentada pela exportação do café.
Após a independência, em 1962, os hutus tomaram o poder e começaram a marginalizar os tutsis. Segundo académicos, a diferença entre tutsis e hutus era mínima e fora artificialmente criada pelos belgas numa tentativa de exercer melhor controlo sobre a região através de um sistema de castas sociais.
O genocídio rwandês foi um massacre perpetrado por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados, entre 7 de abril e 4 de julho de 1994.
Iniciou-se no dia seguinte à morte do então Presidente rwandês, Juvénal Habyarimana (um hutu), num atentado contra o avião em que viajava.
As lideranças hutus acusaram os tutsis do assassinato do Presidente e conclamaram a população a iniciar a matança, ao que se seguiu uma incursão, horas depois, de milícias hutus por todas as cidades e aldeias do país, matando tudo que viam pela frente.
Foram criados postos de controlo nas ruas, e as pessoas identificadas como membros da minoria tutsi eram sumariamente executadas.
Este massacre sistemático no país contra os tutsis causou um deslocamento maciço da população para os campos de refugiados situados nas áreas de fronteira, em especial com o então Zaíre (hoje República Democrática do Congo) e Uganda.
Em agosto de 1995, tropas do Zaíre tentaram forçar o retorno desses refugiados para o Rwanda, e 14 mil pessoas foram então devolvidas ao Rwanda, enquanto outras 150 mil refugiaram-se nas montanhas.
Com um balanço de cerca de um milhão de mortos, quase todas as mulheres violadas e a maioria das mais de cinco mil crianças nascidas dessas violações assassinadas, o genocídio só terminou quando a Frente Patriótica Rwandesa (FPR) derrotou o Governo e se instalou definitivamente no poder.
Muitos hutus ajudaram os tutsis a escapar das perseguições, como é o caso do célebre Paul Rusesabagina, gerente do Hotel Mille Collines (Mil Colinas), em Kigali, que foi responsável pela salvação de mil e 268 tutsis e hutus moderados, abrigando-os no seu hotel.
Rusesabagina, hoje residente na Bélgica, ficou mundialmente conhecido ao ser retratado no filme Hotel Rwanda.
Hoje, ele afirma que, se não forem tomadas medidas duras contra o tribalismo no Rwanda, o genocídio poderá voltar a ocorrer, agora pelas mãos dos tutsis, "governantes" do país desde o fim da matança.
-0- PANA TWA/VAO/BAD/BEH/MAR/IZ 13abril2018