Agência Panafricana de Notícias

Jornalista tunisino mantido na prisão

Túnis- Tunísia (PANA) -- Condenado em primeira instância a seis meses de prisão efectiva, o jornalista dissidente tunisino Taoufik Ben Brik foi mantido em detenção enquanto se espera pelo veredicto adiado para 30 de Janeiro corrente após o seu julgamento em recurso no sábado passado, soube-se junto dos seus advogados.
Em finais de Novembro último, Ben Brik foi declarado culpado de "actos de violência, atentado ao pudor e destruição de bens de outrem" na sequência duma queixa apresentada por uma mulher que lhe acusava de a ter agredido na via pública.
Os seus advogados e várias organizações, das quais os Repórteres Sem Fronteiras (RSF), denunciaram um "caso montado para perturbar o jornalista devido aos seus escritos virulentos contra o regime tunisino" divulgados pela imprensa francesa na véspera das eleições de Outubro último coroadas pela reeleição do Presidente Zine El Abidine Ben Ali para um quinto mandato consecutivo de cinco anos.
Durante o seu interrogatório sábado pelo juiz, o jornalista declarou que era vítima dum "caso fabricado pelos serviços especiais".
Por seu lado, os seus advogados defenderam que o seu cliente, "um jornalista, escritor e poeta da pluma livre, era alvo dum julgamento político".
Eles consideraram "nulas e sem efeitas" as actas contidas no processo, notando "a falsificação" da assinatura do réu bem como a implicação de testemunhas de acusação "imaginários", e pediram uma perícia e uma confrontação destes últimos com o acusado.
Os advogados reclamaram pela liberdade provisória do jornalista ao ter em conta o seu "estado de saúde muito frágil" devido a uma deficiência imunitária.
Este caso esteve na origem duma tensão entre Túnis e Paris depois de o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Bernard Kouchner, se ter declarado "decepcionado" pelas detenções de jornalistas na Tunísia e pedido a libertação de Ben Brik, uma atitude considerada como uma "ingerência inaceitável" pelas autoridades tunisinas.